Economia

Inflação na zona do euro cai para 2,2% em agosto e aproxima-se da meta do BCE

Segundo a Eurostat, esse desempenho se apoia em uma queda de 3,0% nos preços da energia

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 30 de agosto de 2024 às 10h40.

Última atualização em 30 de agosto de 2024 às 10h45.

Tudo sobreEuro
Saiba mais

A inflação interanual na zona do euro caiu para 2,2% em agosto, o seu nível mais baixo em três anos, aproximando-se assim do objetivo de 2% estabelecido pelo Banco Central Europeu (BCE).

A inflação havia registrado uma leve recuperação para 2,6% em julho, depois de tímidos 2,5% em junho, segundo estimativas divulgadas nesta sexta-feira, 30, pela agência europeia de estatísticas Eurostat.

Os 2,2% de agosto constituem a inflação a ritmo anual mais baixa registrada desde julho de 2021, quando atingiu esse mesmo nível. Além disso, o número coincide totalmente com as previsões dos analistas.

O desempenho de agosto, segundo números do Eurostat, se apoia em uma queda de 3,0% nos preços da energia.

Entretanto, a inflação subjacente, a mais observada pelos analistas, já que não considera a energia e os alimentos, registrou 2,8%, uma leve queda face aos 2,9% que tinha apresentado em julho.

Entre as principais economias da zona do euro, a Alemanha registrou uma inflação a ritmo anual de 2,0% em agosto, face a 2,4% em julho.

A França apresentou 2,2% (2,7% em julho), Itália 1,3% (1,6% em julho) e Espanha 2,4%, também com queda acentuada em relação aos 2,9% do mês anterior.

Estes resultados aproximam a inflação da zona do euro da meta de 2% adotada pelo BCE, com uma clara tendência de retrocesso desde o máximo de 10,6% registrado em outubro de 2023.

A partir desse momento, o BCE iniciou uma sequência de fortes aumentos da taxa de juros de referência, que desacelerou timidamente em junho deste ano.

O BCE tem uma reunião marcada para 12 de setembro, para a qual se espera alguma redução, apesar das mensagens de advertência emitidas pela instituição monetária.

Nesta mesma sexta-feira, o Eurostat anunciou que o desemprego na zona do euro em julho foi de 6,4%, o mais baixo da série histórica, embora tenha oscilado entre 6,4% e 6,5% durante uma parte significativa do ano.

Expectativa sobre o BCE

Nesta tabela, os analistas concordam que a tendência pressiona agora a reação do BCE durante o resto do ano.

Sam Miley, economista do Centre for Economics and Business Research de Londres, destacou que os resultados de agosto indicam a taxa de crescimento de preços mais lenta em mais de três anos e tornam mais provável um corte nas taxas na próxima reunião de política monetária do BCE.

No entanto, acrescentou, a inflação subjacente "e o contínuo ajuste do mercado de trabalho apresentarão fatores de risco para a implementação de uma política monetária mais flexível" por parte do BCE.

Por sua vez, Jack-Allen Reynolds, economista da Capital Economics, manifestou-se confiante para uma redução das taxas de juros em setembro, gesto que deverá repetir-se em dezembro.

"A inflação dos serviços, que as autoridades monitoram especialmente de perto, aumentou de 4,0% para 4,2%", observou.

No entanto, esta inflação nos serviços teria sido impulsionada pelo aumento dos transportes e das rendas, provavelmente uma consequência dos Jogos Olímpicos de Paris.

"Acreditamos que o BCE vaicortar as taxas de juros na sua reunião de setembro porque os dados de agosto não serão suficientes para alterar significativamente a visão das autoridades de que a inflação cairá em direção à meta no segundo semestre do próximo ano", observou.

Entretanto, Poppy Hawkins, economista da empresa britânica Camarco, indicou que "nem tudo é bom no relatório: estima-se que os preços dos serviços tenham aumentado até 4,2% na comparação anual, claramente acima do objetivo do BCE".

Isto, acrescentou a especialista, "provavelmente reflete um mercado de trabalho relativamente apertado" e poderá levar o BCE a permanecer cauteloso na sua reunião de setembro.

Acompanhe tudo sobre:EuroBCEEuropa

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo