Safra de batata foi afetada pelo clima em diversas regiões do país (.)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 27 de janeiro de 2024 às 14h12.
Última atualização em 27 de janeiro de 2024 às 14h34.
Apesar da supresa positiva com o resultado do Índice de Preços ao Consumidor 15 (IPCA-15) em janeiro, que registrou alta de 0,31%, chamou a atenção o aumento no valor de diversos protudos e serviços consumidos pelos brasileiros. A batata-inglesa, que encareceu 25,95%, e o tomate (11,19%) foram os itens com maior variação no mês. Já as passagens aéreas tiveram queda de 15,24% no custo e as tarifas de ônibus, 3,81%.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no caso da batata, as chuvas em excesso atrapalharam a safra, além de uma demanda maior para as festas de fim de ano.
Já o tomate, o aumento das temperatutas nas regiões produtoras ajudou no amadurecimento do fruto e disparou a oferta. Entretanto, os valores pagos pelos consumidores não diminuíram porque as colheitas de inverno e do início de verão foram feitas em momentos desfavoráveis para a qualidade do fruto.
As mudanças climáticas que ocorrem no mundo e os impactos sobre a produção e o preço dos alimentos tem preocupado. Como mostrou a EXAME, os efeitos do El Niño sobre as safras brasileira e global são um risco para a inflação de 2024, afirmou o o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Segundo ele, a magnitude das mudanças climáticas afetará os preços dos alimentos. As chuvas intensas no Sul do país e a seca no Norte, com aumento de temperaturas em todo Brasil, são uma amostra do desafio.
“Os grãos mais produzidos no Brasil, soja e milho, também são responsáveis pela alimentação de animais. Se esses grãos ficam mais caros, tendem a aumentar os curtos de criação dos animais. Isso eleva os preços das proteínas, sem esquecer do ovo. Isso afeta em cheio os menos favorecidos", diz. "Se alimentação sobe mais, ainda que os demais itens fiquem estáveis, a inflação será mais percebida pelos mais pobres.”
A queda no preço do ônibus urbano em janeiro foi puxada pela queda de 21,88% registrada em São Paulo pela aplicação de gratuidade nas tarifas aos domingos e em algumas datas comemorativas, a partir de 17 de dezembro. Em outras cidades, como Belo Horizinte, houve reajuste médio de 16,67%.
No caso dos combustíveis, as quedas estão relacionadas aos anúncios da Petrobras que reduziram os preços da gasolina, do diesel e do etanol.