O Congresso argentino debate este controverso pacote de reformas ultraliberais (Fabrice Coffrini/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 5 de fevereiro de 2024 às 11h23.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2024 às 11h24.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revisou em alta a sua previsão de inflação para a Argentina, estimando que chegará a 250,6% este ano, face aos 157,1% previstos em novembro, após as primeiras medidas adotadas pelo presidente ultraliberal, Javier Milei.
"A inflação geral acelerou no final de 2023, o que implica um forte efeito de reporte para a inflação média anual em 2024", estimou a OCDE, com sede em Paris.
"A inflação mensal disparou para 25,5% em dezembro de 2023 e deverá estar em níveis semelhantes em janeiro. Isso explica a forte revisão em alta", explicou Jens Arnold, chefe do departamento de Economia da organização.
Desde que assumiu o cargo, há menos de dois meses, Milei desvalorizou o peso em 50%, iniciou um processo de liberalização de preços e pretende modificar centenas de regulamentos e leis para tentar reverter uma crise que mantém mais de 45% dos argentinos na pobreza.
O Congresso argentino debate este controverso pacote de reformas ultraliberais.
"Espera-se que a alta inflação e o ajuste fiscal considerável provoquem uma queda do PIB na Argentina em 2024, antes da recuperação do crescimento em 2025, quando as reformas começarem a entrar em vigor", afirma o relatório trimestral da OCDE.
A organização prevê uma recessão mais forte este ano, com uma contração do PIB de 2,3%, face aos 1,3% projetados em novembro.
Em 2025, a Argentina voltaria a crescer, com uma expansão do PIB de 2,6%, sete décimos acima da previsão anterior. Nesse ano, a inflação seria de 64,7%, segundo a entidade econômica.
"As políticas macroeconômicas da Argentina tomaram um caminho positivo para a estabilização e redução dos desequilíbrios acumulados, mas ao longo deste caminho as coisas primeiro pioram antes de melhorarem", observou Arnold.
Depois de chegar ao poder, Milei, um economista de 53 anos, alertou que a situação iria piorar na terceira maior economia da América Latina, inicialmente com uma "estagflação", ou seja, uma combinação de estagnação com inflação elevada em 2024.
Na quarta-feira, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, estimou que o governo argentino "está tomando medidas ousadas para restaurar a estabilidade macroeconômica".