Placa com preço do tomate em feira livre no bairro da Mooca, em São Paulo (Nacho Doce / Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de junho de 2013 às 15h07.
São Paulo – Depois da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que resultou em um aumento de 0,50 ponto percentual para a taxa Selic, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que era possível começar a pensar em uma inflação de 5% já em 2014.
Não deveria ser missão impossível, já que o centro da meta traçada é de 4,5%, com uma margem entre 2,5% e 6,5%. Porém, se alcançar o nível de 5%, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terá seu melhor resultado desde 2009, quando terminou em 4,31%, como mostra a tabela da série histórica do plano Real:
jul-dez/1994 | 1995 | 1996 | 1997 | 1998 | 1999 | 2000 | 2001 | 2002 | 2003 |
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18,57% | 22,41% | 9,56% | 5,22% | 1,65% | 8,94% | 5,97% | 7,67% | 12,53% | 9,30% |
2004 | 2005 | 2006 | 2007 | 2008 | 2009 | 2010 | 2011 | 2012 |
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7,60% | 5,69% | 3,14% | 4,46% | 5,90% | 4,31% | 5,91% | 6,50% | 5,84% |
Apesar do aumento de 5% nos preços estar dentro meta, após uma inflação de 5,84% em 2012 e um índice que já acumula mais de 2% nos primeiros meses de 2013, o mercado projeta números mais altos para o IPCA do ano que vem. Mas com as ações como a tomada na última reunião do Copom, as opiniões começam a concordar com a de Tombini: é possível começar a pensar em uma inflação de 5% em 2014.
Na opinião de Alberto Ramos, do Goldman Sachs, só o aumento recente na taxa Selic não é o suficiente, mas se o BC mantiver esta linha mais comprometida de controlar a inflação, pensar num IPCA de 5% para o ano que vem já começa a fazer sentido. “Esses aumento precisa ser visto como parte de um ciclo. O BC precisa manter um discurso coeso e não se distrair”, disse.
Para Ramos, o importante na comunicação do BC com a escalada dos juros é que agora o banco se afastou do discurso oficial, de que a inflação é fruto de efeitos pontuais, como a alta do preço de alimentos.
Marcelo Kfoury, do Citi Brasil, concorda que a ação foi um bom sinal. “Mostra que o BC está mais atento à inflação e não tão preocupado em fazer o PIB crescer”, diz. Mas também ressalta que outras ações precisam ser tomadas agora.
Kfoury lembra de outros dois fatores que estão ainda muito presentes no cenário brasileiro e geram pressão inflacionária: dólar em alta e superávit primário em baixa. “Se há um aumento na política monetária, mas as outras condições ainda estiverem lá, a equação não é tão simples”, pondera.
5%: está bom assim?
Uma inflação em 5% seria a mais baixa em alguns anos, mas ainda está acima do centro da meta traçada. Se a alta de preços neste nível é apropriada para o país, as opiniões se dividem.
Marcelo Kfoury, por exemplo, lembra que no início do governo a inflação superava 6%, o que torna os 5% um nível bom para o brasileiro.
Já Alberto Ramos pondera que os principais parceiros comerciais do Brasil tem uma inflação anual girando perto dos 2%, o que torna os 5% do Brasil algo alto.