Economia

Inflação já caminha em direção à meta em 2018, diz Ilan

O IPCA fechou 2017 em 2,95%, abaixo da meta de 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos

Ilan: "O BC seguiu os bons princípios no gerenciamento da política monetária" (Adriano Machado/Reuters)

Ilan: "O BC seguiu os bons princípios no gerenciamento da política monetária" (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 10 de janeiro de 2018 às 16h53.

Última atualização em 10 de janeiro de 2018 às 17h54.

Brasília - A inflação já caminha em direção à meta oficial em 2018, afirmou nesta quarta-feira o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, acrescentando que a condução da política monetária continuará dependendo de diversos fatores, entre eles projeções e expectativas de preços.

"O BC seguiu os bons princípios no gerenciamento da política monetária e não reagiu ao impacto primário desse choque de alimentos, permitindo a queda da inflação para abaixo da meta", afirmou Ilan em carta aberta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na qual justificou que o IPCA abaixo do alvo oficial em 2017 ocorreu por conta da deflação nos preços de alimentos.

O IPCA fechou 2017 em 2,95 por cento, abaixo do piso da meta de 4,5 por cento, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos, algo inédito desde que o regime de metas de inflação foi definido, em 1999.

A meta de inflação é exatamente a mesma para este ano. Em seu último relatório trimestral de inflação, o BC projetou alta de 4,2 por cento para 2018. Economistas participantes da pesquisa Focus, por sua vez, veem o índice em 3,95 por cento neste ano.

Olhando para frente, Ilan ressaltou que o BC "tem calibrado a taxa de juros, e continuará a fazê-lo, com vistas ao cumprimento das metas".

O baixo patamar do IPCA pavimenta o caminho para o BC seguir cortando os juros básicos depois de os ter levado à mínima histórica de 7 por cento no final do ano passado. A aposta majoritária do mercado é de redução de 0,25 ponto em fevereiro, primeira reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom).

Na carta, Ilan apontou que houve "comportamento excepcional" dos preços dos alimentos em 2017, decorrente da oferta recorde de produtos agrícolas, movimento fora de seu alcance.

"Não cabe inflacionar os preços da economia sobre os quais a política monetária tem mais controle para compensar choques nos preços de alimentos", disse ele. "A política monetária deve combater o impacto dos choques nos outros preços da economia (os chamados efeitos secundários) de modo a buscar a convergência da inflação para a meta", acrescentou.

Nos cálculos do BC, os choques de oferta contribuíram com 1,3 ponto percentual para o desvio da inflação em relação à meta em 2017, ou 83,9 por cento do total.

Ilan também afirmou que a ação e a comunicação da política monetária foram fundamentais para reancorar as expectativas de inflação.

A divulgação da carta vem a despeito de o BC adotar a metodologia da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para eventual arredondamento da segunda casa após o IPCA. Pela regra, o IPCA teria terminado 2017 exatamente no piso da meta, de 3 por cento, já que números de 0 a 4 são arredondados para baixo e de 5 a 9, para cima.

Embora a meta para 2018 seja a mesma de 2017, para 2019 o centro do alvo será de 4,25 por cento, passando portanto a ter duas casas decimais. A margem de tolerância segue de 1,5 ponto tanto para este ano como para o próximo.

A última vez que a inflação ficou fora da meta, mas para cima, foi em 2015, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff. O IPCA encerrou aquele ano com alta de 10,67 por cento, com Alexandre Tombini à frente do BC.

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