Economia

IPCA-15 de janeiro fica em 0,58% e segue gradual desaceleração

No acumulado de 12 meses, a alta medida pelo IPCA-15 foi de 10,20%. Riscos inflacionários seguem aumentando projeções para acima de 5,0% em 2022

Inflação: energia elétrica teve preço estável no IPCA-15 de janeiro, mas segue tema de preocupação para o ano (Brunorbs/Getty Images)

Inflação: energia elétrica teve preço estável no IPCA-15 de janeiro, mas segue tema de preocupação para o ano (Brunorbs/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 26 de janeiro de 2022 às 09h07.

Última atualização em 26 de janeiro de 2022 às 16h37.

O IPCA-15, prévia da inflação brasileira, subiu 0,58% no mês de janeiro, uma queda de 0,20 ponto percentual em relação a dezembro e seguindo tendência de gradual desaceleração nos preços. O resultado foi divulgado nesta quarta-feira, 26, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No acumulado de 12 meses, a alta medida pelo IPCA-15 foi de 10,20% - também abaixo dos 10,42% observados no acumulado até dezembro no índice.

Apesar de mais baixo do que no mês anterior, o IPCA-15 ficou acima das expectativas dos analistas, que esperavam desaceleração um pouco maior. A mediana das projeções apontava uma alta de 0,44% no índice, menor do que a que foi verificada na prática.

O IPCA-15 é considerado uma prévia por levar em conta os preços entre meados de dezembro e meados de janeiro, antes da divulgação do índice final do mês.

Após fechar 2021 com a pior inflação desde 2015 e uma das maiores desde o Plano Real, com IPCA em 10,06% no ano, o Brasil vem em uma trajetória de gradual desaceleração dos índices nos últimos meses. (Uma desaceleração indica que preços têm subido menos, ainda que não necessariamente caído.)

A expectativa do mercado até o momento é que o IPCA feche o ano na casa dos 5%, ou seja, metade da inflação de 2021 e perto do teto da meta do Banco Central. Riscos inflacionários internos e externos, no entanto, seguem no radar, e o Banco Central deve promover novas altas de juros ao longo de 2022.

O que mais subiu de preço

Oito dos nove grupos de produtos e serviços medidos pelo IBGE tiveram alta no IPCA-15 de janeiro. Dentre os destaques positivos, estão queda no preço de alguns combustíveis, puxando a desaceleração vista no índice, além de energia elétrica estável. Do outro lado, houve altas até mesmo acima do esperado em algumas frentes como aluguel, higiene e serviços de comunicação, como TV e internet.

Dentre todos os nove grupos gerais, o único com recuo nos preços foi o de Transportes (preços caíram 0,41%, após alta de 2,31% em dezembro).

Nesse grupo, os destaques ficaram para queda de 1,78% no preço da gasolina (combustíveis como etanol e gás veicular também caíram), além de ampla redução nas passagens aéreas, que ficaram 18,21% mais baratas na medição do IBGE. Automóveis novos, por outro lado, subiram 1,90% até meados de janeiro. 

Já o grupo de Alimentação e Bebidas teve alta maior neste mês (0,97%, contra 0,35% em dezembro), e terminou sendo o de maior impacto no índice geral do IPCA-15 dada sua importância na cesta de itens dos brasileiros.

  • A maior alta no mês no grupo de alimentos veio da cebola, que subiu 17,09%; 
  • Após ficar 50% mais caro no acumulado de 2021, o café moído segue tendência de alta e subiu 6,50% no IPCA-15 de janeiro;
  • Carnes completam as altas, subindo 1,15% no período. 

No grupo Habitação, destaques de alta de preço foram o aluguel residencial, que subiu 1,55%, e o gás encanado, com alta de 8,40%. O IBGE aponta que a alta do gás é consequência, sobretudo, de um reajuste de preço em São Paulo, em vigor desde dezembro.

No mesmo grupo, o preço da energia elétrica residencial ficou estável no índice geral do país (0,03%, após 0,96% em dezembro), embora tenha subido em algumas capitais. Em 2021, os preços da energia elétrica subiram 21%, e a tendência é que haja uma desaceleração neste ano, mas a falta de chuvas e o preço dos combustíveis que abastecem as termelétricas seguem um risco no radar.

No todo, o grupo Vestuário liderou as altas no mês (subindo 1,48%, com roupas masculinas subindo mais de 2% e femininas e calçados e acessórios, mais de 1%). Em segundo vieram Artigos de Residência (1,40%), que, com o fim das promoções de Black Friday e fim de ano, tiveram eletrodomésticos e equipamentos, assim como mobiliários, subindo mais de 2%.

Como serão os preços em 2022

O boletim Focus desta semana, divulgado na segunda-feira, 24, trouxe projeção de IPCA fechando 2022 em 5,15% na mediana dos analistas ouvidos. O número traz nova alta em relação às projeções anteriores, que estavam mais perto de 5,0% no fim do ano.

A variação do IPCA prevista até agora ficaria novamente acima do teto da meta do Banco Central - que é de 3,5% com tolerância de 1,5 ponto percentual, ou seja, com um teto de 5,0%. 

São esperadas para este ano novas altas na taxa básica de juros, a Selic, hoje em 9,25%. O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) faz sua primeira reunião do ano em 1 e 2 de fevereiro.

No fim do ano passado, o Copom indicou que deveria aumentar a taxa de juros em mais 1,5 ponto percentual no mês de fevereiro, isto é, podendo a Selic encerrar o mês em 10,75%. 

Pressões inflacionários internas e externas seguem sendo preocupação para o Brasil. Chuvas podem afetar o preço da energia elétrica e a produção na agricultura, enquanto o ano eleitoral traz instabilidade política e fiscal, com potenciais impactos no câmbio.

No exterior, os preços dos combustíveis são um dos grandes fatores de risco, assim como altas de juros nos Estados Unidos. O Fed, banco central americano, também encerra sua reunião nesta quarta-feira e o comunicado será observado pelos mercados no Brasil em busca de direcionamentos sobre as altas esperadas nos juros americanos.


Confira a abertura de mercado da EXAME Invest desta quarta-feira, 26:

yt thumbnail

 

Acompanhe tudo sobre:IBGEInflaçãoIPCA

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto