Economia

Inflação nos EUA chega a 1,3% em junho, novamente acima das expectativas

No acumulado em 12 meses, a inflação americana chegou a 9,1%, e continuou trajetória de aceleração em relação a maio. Inflação é a mais alta nos EUA em quatro décadas

Supermercado em São Francisco, nos EUA: preços têm batido recorde neste ano (Paul Morris/Bloomberg/Getty Images)

Supermercado em São Francisco, nos EUA: preços têm batido recorde neste ano (Paul Morris/Bloomberg/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 13 de julho de 2022 às 09h33.

Última atualização em 13 de julho de 2022 às 10h04.

A inflação dos Estados Unidos fechou o mês de junho em 1,3%, segundo os resultados do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) divulgados nesta quarta-feira, 13, pelo governo norte-americano. A variação havia sido de 1% em maio.

Assine a EXAME e fique por dentro das principais notícias que afetam o seu bolso. Tudo por menos de R$ 0,37/dia

No acumulado em 12 meses, a inflação dos EUA chegou a 9,1%, também acelerando amplamente em relação aos 8,6% em maio. O resultado representa a inflação mais alta em 40 anos, desde novembro de 1981.

Os números vieram acima do consenso do mercado, que projetava que o CPI de junho subisse 1,1% na comparação mensal e 8,8% no acumulado de 12 meses.

VEJA TAMBÉM: Inflação americana, debêntures da CCR, oferta da Eneva e o que mais move o mercado

O resultado deve colocar mais pressão sobre o Fed, Banco Central americano, em sua trajetória de aumento dos juros.

Em junho, o Fed já havia aumentado a taxa em 0,75 p.p, para o intervalo entre 1,5% e 1,75%. Foi a maior alta na taxa americana em um mesmo anúncio desde 1994.

Outro aumento recorde é esperado a partir de agora. Mesmo antes do resultado do CPI desta semana, apostas de uma nova aceleração no ritmo de elevação de juros de 0,75 ponto percentual (p.p.) para 1 p.p. já haviam ganhado força desde que os dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos saíram acima do esperado na semana passada.

VEJA TAMBÉM: EUA cria 372 mil postos de trabalho em junho e desemprego fica em baixa histórica

Por outro lado, os temores de uma recessão global têm feito o preço do petróleo cair nas últimas semanas, o que pode desacelerar a alta de preços globalmente a partir de agora. Em junho, o barril Brent teve sua primeira queda mensal desde o começo da guerra na Ucrânia, e novas baixas se seguiram desde então.

A expectativa é que a inflação americana possa ter chegado a seu pico e passe a desacelerar, o que terá de ser confirmado nos próximos períodos.

Ainda assim, uma preocupação do Fed é que a deterioração das expectativas com a crise global faça a inflação seguir alta mesmo com os juros subindo e as pressões reais diminuindo, segundo tem afirmado o presidente da instituição, Jerome Powell.

Combustíveis seguem puxando aumentos

Como já vinha acontecendo nos últimos meses, as maiores altas na inflação norte-americana vieram de gasolina, moradia e alimentação. Só a frente de combustíveis subiu 7,5% no mês (a gasolina, sozinha, subiu mais de 11%).

As moradias, que incluem na métrica de inflação sobretudo os preços de alugueis, também são uma preocupação na trajetória de desaceleração dos preços daqui para a frente, uma vez que as altas têm incorporado a inflação passada.

A alta nos preços generalizada nos EUA e outras economias avançadas é encabeçada pela forte retomada da atividade pós-auge da covid-19. Os EUA, por exemplo, já vivem cenário de "pleno emprego", com desemprego abaixo de 4%.

Além disso, as economias têm sido afetadas pelo aumentos nos preços da energia e alimentos em meio à guerra na Ucrânia e altas das commodities no mercado global.

A inflação nos EUA atingiu neste ano seu patamar mais alto desde 1981, época da chamada "grande inflação" e após choques de petróleo nos anos 1970.

As altas de preço têm afetado a popularidade do presidente americano, Joe Biden, e do Partido Democrata, às vésperas de eleições legislativas de meio de mandato (as chamadas midterms) marcadas para este ano.

(Com Guilherme Guilherme)

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)Fed – Federal Reserve SystemGoverno BidenInflação

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto