Zona do euro: esta evolução mais fraca do que a esperada é explicada pelos analistas pelos componentes mais voláteis com os que se mede o índice de preços (Daniel Roland/AFP)
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2016 às 16h56.
A inflação na zona do euro se manteve estável em 0,2% em dezembro, inferior ao 0,3% previsto por analistas, o que aumenta a pressão para novas ações do BCE, cujos anúncios recentes foram considerados insuficientes pelos mercados.
Esta evolução mais fraca do que a esperada é explicada pelos analistas pelos componentes mais voláteis com os que se mede o índice de preços, segundo uma primeira estimativa da Eurostat.
A evolução negativa dos preços da energia, constante há um ano e meio, marcou uma clara desaceleração ao passar de -7,3% em novembro para -5,9% para a primeira estimativa de dezembro, mês em que o petróleo registrou seus preços mais baixos em 11 anos.
Embora a contração tenha sido menor do que no mês anterior, os preços da energia continuam puxando para baixo o índice geral.
Sua desaceleração, que deve registrar efeitos positivos no índice, se viu compensada, segundo os analistas, pela desaceleração da evolução de preços dos alimentos transformados que em dezembro registrou 1,2%, enquanto em novembro foi de 1,5%.
No entanto, a baixa inflação registrada em dezembro não se deve unicamente a esses dois componentes mais voláteis, estimou Teunis Brosens, analista do banco ING, que afirmou que a evolução dos preços nos serviços de 1,1% (1,2% em novembro) foi muito fraca.
"Com os preços do petróleo caindo abaixo dos 40 dólares, a inflação parece que se manterá baixa nos próximos meses", disse Teunis Brosens. E, ao menos que os preços aumentem, a inflação poderá até mesmo passar ao terreno negativo brevemente antes do verão (boreal)".
O conjunto da inflação, excluindo energia, alimentos, álcool e cigarro, ficou em 0,9% estável em relação a novembro. Os analistas previam 1%.
Essa evolução é "decepcionante", afirmou Howard Archer, da IHS Global Insight.
"Embora seja uma boa notícia para os consumidores, constitui uma dor de cabeça para o BCE", cuja prerrogativa é manter a inflação perto mas menor do que 2%, disse.
"A inflação está a milhas de distância da meta do BCE", afirmou Johannes Gareis, do banco Natixis.
Essa situação coloca "imediatamente" uma maior pressão na instituição de Frankfurt para que "considere estímulos adicionais após a ação limitada" de sua reunião de dezembro, afirmou Howard Archer.
Medidas do BCE decepcionam
Inquieto pelo prolongado período de "ultra baixa inflação", o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, anunciou no mês passado novos estímulos para o bloco de 19 países da moeda única para reativar sua economia e revigorizar o índice
O BCE reduziu sua taxa de depósito e prolongou por pelo menos seis meses, até março de 2017, a duração do "QE", o programa de compra da dívida, lançado em março, o que significa uma injeção de pelo menos 1,5 trilhão de euros.
Essas medidas, contudo, decepcionaram os mercados que os consideraram muito fracos para lutar contra o perigo da deflação, fenômeno nocivo para a economia que se caracteriza por uma queda de preços e salários que prejudica a recuperação.
"Continuamos pensando que o BCE foi muito tímido em dezembro e que deverá logo acelerar suas compras da dívida", afirmou Jennifer McKeown, economista da Capital Economics.