O Banco Central adotou medidas de contenção de crédito e também vem elevando a taxa básica de juro para conter a inflação (Reprodução/Banco Central)
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2011 às 11h52.
São Paulo - Índices de inflação de meados de junho mostraram forte arrefecimento, confirmando as expectativas de um quadro inflacionário mais benigno no mês, mas o detalhamento dos dados ainda aponta algumas pressões e ressalta que a batalha não foi vencida.
Os indicadores divulgados nesta terça-feira reforçam a expectativa de que o ciclo de aperto monetário promovido pelo Banco Central ainda não acabou, levando as projeções de juros futuro a subir após vários dias perto da estabilidade.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,23 por cento em junho, menor taxa desde agosto do ano passado, frente a 0,70 por cento registrada em maio.
Analistas consultados pela Reuters previam inflação de 0,17 por cento, segundo a mediana das projeções .
Também divulgado nesta manhã, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) teve deflação de 0,21 por cento na segunda prévia de junho, ante alta de 0,66 por cento em igual período de maio .
"Esperamos outro declínio na inflação pelo IPCA até o fim do mês (IPCA fechado de junho), para cerca de 0,05 por cento, embora o resultado de hoje coloque um viés para cima nessa previsão", avaliou o Citigroup em relatório.
No mercado futuro, as projeções de juros subiam com o IPCA-15 acima da mediana das previsões.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) janeiro de 2012 projetava 12,43 por cento ao ano, contra 12,42 por cento no ajuste da véspera. O DI janeiro de 2013 estava em 12,54 por cento, ante 12,49 por cento.
Lado Ruim
O arrefecimento dos índices deveu-se, em grande parte, à queda dos preços de alimentos --que vinham subindo fortemente e agora revertem esse movimento, além de incorporar o recuo das commodities-- e dos transportes --com a normalização da safra da cana-de-açúcar tirando a pressão dos combustíveis.
Assim, a desaceleração deve ser temporária, segundo analistas.
A partir de agosto, os índices devem voltar a subir, apesar de não tanto quanto no primeiro quadrimestre do ano, quando uma série de reajustes de preços administrados e monitorados e pressões pontuais pressionaram a inflação.
Prova disso é o detalhamento do IPCA-15. O índice de difusão ficou quase estável, passando de 62,8 por cento em maio para 62,5 por cento em junho. A média dos três núcleos teve alta de 0,56 por cento, o que em termos anualizados mostra inflação de 6,9 por cento, segundo o Citigroup, acima do teto da meta de inflação do ano, que é de 6,5 por cento.
"O alto nível de difusão e do núcleo indica que as pressões inflacionárias continuam espalhadas pela economia", acrescentou o banco.
Entre os IGPs, o movimento deve ser similar. Os índices fechados de junho devem ter deflação, mas será temporária.
"A queda da inflação é bem-vinda e importante... (mas) é um um quadro que ainda exige cautela, vigilância", disse Zeina Latif, economista sênior para América Latina do RBS.
O Banco Central adotou medidas de contenção de crédito e também vem elevando a taxa básica de juro para conter a inflação. Analistas esperam novo aumento da Selic em julho, de 0,25 ponto para 12,50 por cento ao ano.
"É desnecessário dizer que acreditamos que maior aperto na política monetário é necessário para melhorar o comportamento dos preços no médio prazo", disse Flávio Serrano, economista sênior do Espírito Santo Investment Bank.
Por enquanto, a expectativa é de que o aperto em julho seja o último, mas esse cenário pode ser revisto caso a inflação e a economia não mostrem a contenção desejadas.
O IPCA-15 mediu os preços de 14 de maio a 13 de junho, enquanto o IGP-M apurou entre 21 de maio e 10 de junho.