Economia

PMI da indústria em março contrai pela 1ª vez em 8 meses por coronavírus

Índice de Gerentes de Compras, medido pelo IHS Markit, em meio à menor demanda e a preocupações com as perspectivas

Indústria: vendas para exportação também caíram a um ritmo acelerado em março, devido à paralisação de fábricas no exterior (Alexandre Mota/Reuters)

Indústria: vendas para exportação também caíram a um ritmo acelerado em março, devido à paralisação de fábricas no exterior (Alexandre Mota/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de abril de 2020 às 10h10.

Última atualização em 1 de abril de 2020 às 15h24.

As medidas contra o coronavírus atingiram em cheio a indústria do Brasil e levaram o setor a contrair pela primeira vez em oito meses, com forte queda da demanda em meio ao fechamento de empresas, informou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês).

Os dados divulgados nesta quarta-feira pelo IHS Markit mostram que o PMI da indústria foi a 48,4 em março, de 52,3 no mês anterior, de acordo com dados coletados entre 12 e 24 de março de 2020 e que apontam a queda mais acentuada no desempenho do setor industrial desde fevereiro de 2017.

O cenário econômico é piorado e em muito pelas consequências da pandemia do coronavírus no Brasil e no mundo, diante das incertezas relacionadas ao surto, com o fechamento de empresas para manter seus funcionários em quarentena.

O volume de novos trabalhos diminuiu no ritmo mais rápido desde janeiro de 2017, com fechamento parcial de fábricas e queda acentuada da demanda levando a cancelamentos de pedidos por parte dos clientes, o que provocou a redução da produção.

Os produtores de bens de investimento foram os que mostraram a queda mais acentuada de novos trabalhos.

As vendas para exportação também caíram a um ritmo acelerado em março, devido à paralisação de fábricas no exterior e ao atraso de projetos em resposta à pandemia do Covid-19.

Além disso, interrupções graves nas cadeias internacionais de fornecimento e escassez de materiais resultaram num aumento dos pedidos em atraso no setor industrial como um todo pela primeira vez desde os protestos dos caminhoneiros em meados de 2018.

"Este último alongamento dos prazos de entrega dos fornecedores foi também o maior a ser registrado em quase dois anos", apontou o IHS Markit.

Em meio à menor demanda e a preocupações com as perspectivas, o emprego diminuiu na indústria brasileira no maior ritmo em pouco mais de três anos.

Os fabricantes também registraram pressões fortes de custos, mencionando que a desvalorização do real em relação ao dólar se traduziu rapidamente em preços mais altos para componentes industriais.

Assim, as cargas de custo médio aumentaram acentuadamente em março, e a taxa de inflação de custo de insumos foi a mais forte desde outubro de 2018. Como resultado, os preços cobrados subiram ao patamar mais alto em 18 meses.

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