Economia

Indústria de veículos corta produção, mas estoques sobem

Indústria de veículos voltou a reduzir produção, mas os estoques atingiram novo pico em novembro diante de queda nas vendas e recuo nas exportações


	Indústria automotiva: estoques de veículos não vendidos atingiram 414,3 mil unidades em novembro
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Indústria automotiva: estoques de veículos não vendidos atingiram 414,3 mil unidades em novembro (.)

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Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2014 às 16h43.

São Paulo - A indústria brasileira de veículos voltou a reduzir produção, mas os estoques atingiram novo pico no ano em novembro diante de queda de vendas e recuo de exportações.

A situação tem obrigado a setor a negociar com sindicatos de metalúrgicos e com o governo federal arranjos que permitam flexibilização de normas trabalhistas para evitar demissões em larga escala.

Os estoques de veículos não vendidos atingiram 414,3 mil unidades em novembro, avançando sobre as 413,4 mil unidades de outubro, apesar da produção ter caído cerca de 10 por cento, para 264,8 mil unidades no mês passado.

"O nível de estoque de novembro é absolutamente inadequado", afirmou a jornalistas o presidente da associação de montadoras de veículos, Anfavea, Luiz Moan. "Combinamos com centrais sindicais conversarem com o governo sobre mecanismos de flexibilização", disse ele.

No acumulado do ano até novembro, a indústria cortou 12.568 postos de trabalho em relação ao mesmo período de 2013, apesar de arranjo com o governo federal de manutenção de nível de emprego enquanto perdurar a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), prevista para acabar no final deste ano.

Segundo Moan, o setor tem cumprido o combinado, uma vez que os cortes foram gerados por programas de demissão voluntária, fechamento de vagas por aposentadoria, fim de contratos temporários e acordos com sindicatos. "Estamos dentro do compromisso assumido (com o governo) de 147 mil postos de trabalho", disse o presidente da Anfavea.

A indústria encerrou novembro com cerca de 146,2 mil trabalhadores.

Perguntado se seria conveniente tanto para o setor quanto para o governo federal uma não renovação em 2015 do acerto de redução do IPI, liberando a indústria para fazer demissões mais generalizadas e permitindo ao governo ter mais espaço para fazer ajuste fiscal, Moan respondeu: "Eu entendo a necessidade do governo neste momento. Eu entendo o posicionamento do governo." Ele comentou ainda que a indústria "investiu muito em cada trabalhador e as empresas vão sempre tentar adotar mecanismos que evitem demissões".

Um sinal de um cenário menos benigno para a força de trabalho na indústria brasileira veio em meados de novembro, quando dados do governo federal mostraram que o Brasil fechou 30.283 vagas formais de trabalho em outubro, primeira queda para o mês na série aberta em 1999.

Analistas e economistas têm apontado que pode haver uma reversão nos próximos meses nos números do mercado de trabalho, com mais demissões e mais gente procurando emprego.

2015 Embora não tenha feito projeções precisas sobre o próximo ano, a Anfavea aposta que 2015 será melhor em vendas e produção de veículos que 2014. A expectativa decorre de um ano sem tantos feriados e dias perdidos com a Copa do Mundo, fim de incertezas eleitorais e equipe econômica indicada capaz de dissipar "clima de desconfiança", disse Moan.

Ele também se baseia no aumento das vendas diárias de veículos no segundo semestre sobre a primeira metade do ano. A média de licenciamentos avançou 5,7 por cento, para cerca de 15 mil unidades por dia útil em novembro, segundo dados da Anfavea.

O presidente da entidade afirmou que se essa média for mantida ao longo de 2015, o próximo ano terá vendas maiores que 2014.

Anualizando a média mensal de vendas de veículos novos do período de julho a novembro, o resultado em 2015 seria de licenciamentos de 3,516 milhões de unidades.

A Anfavea manteve nesta quinta-feira sua projeção de vendas em 2014 de 3,564 milhões de veículos, embora tenha admitido que ela deve ser descumprida, dado que no acumulado até o mês passado, os licenciamentos deste ano estão em 3,1 milhões de unidades.

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