Economia

Índice Big Mac mostra que real está sobrevalorizado

Preço do Big Mac brasileiro é 29,2% maior que o dos Estados Unidos, calculou o The Economist


	Nos EUA, o Big Mac custa US$ 4,37. No Brasil, o preço seria equivalente a US$ 5,64 pela taxa de câmbio da quarta-feira
 (Divulgação)

Nos EUA, o Big Mac custa US$ 4,37. No Brasil, o preço seria equivalente a US$ 5,64 pela taxa de câmbio da quarta-feira (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de janeiro de 2013 às 17h11.

Londres - O grande esforço da equipe econômica nos últimos meses parece que não fez tanto efeito como planejado na taxa de câmbio e também na hora de comprar um sanduíche. Nova pesquisa do índice Big Mac realizada pela revista The Economist mostra que o real é a quinta moeda mais sobrevalorizada do mundo. Se a conta for ajustada pela riqueza produzida pelos habitantes de cada país, o quadro fica ainda indigesto: o real aparece como a divisa mais valorizada do planeta.

A partir da ideia de que o McDonald's se esforça para produzir sanduíches idênticos ao redor do planeta, com os mesmos ingredientes e métodos, a revista britânica usa o preço do item mais conhecido do cardápio, o Big Mac, para avaliar a taxa de câmbio pelo mundo. Para isso, compara os preços em dólar de cada mercado com o praticado na sede da lanchonete, os Estados Unidos.

Pela pesquisa, o Big Mac brasileiro, que custa R$ 11,25, está cotado a US$ 5,64 pela taxa de câmbio de quarta-feira (30). Esse preço é 29,2% mais alto que nos Estados Unidos, onde o sanduíche com dois hambúrgueres custa US$ 4,37. Em julho, a sobrevalorização do real era menor, de 14%. Um ano atrás, em janeiro de 2012, a moeda estava 35,3% sobrevalorizada.

"A força contínua do real é uma grande fonte de irritação para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que foi o primeiro a proclamar a expressão 'guerra cambial' em 2010", diz a revista Economist, que chega esta quinta-feira às bancas e publica o resultado da nova pesquisa. "O Brasil lutou contra isso com a adoção de controles de capital na forma de impostos sobre a compra de títulos por estrangeiros, mas a moeda continua sobrevalorizada", diz o texto. "Em dezembro, o Brasil registrou um déficit recorde em conta corrente com a queda das exportações, o que contribuiu para a queda das perspectivas de crescimento da economia."

Na liderança do ranking está a Venezuela, que congelou as cotações do bolívar fuerte há alguns anos. Pelo Big Mac vendido em Caracas, o índice mostra que a divisa está 107,9% sobrevalorizada em relação ao dólar. Em seguida, aparecem três países conhecidos por serem caros na Europa: Noruega (sobrevalorização de 79,5%), Suécia (+74,5%) e Suíça (+63,1%). Entre os demais mercados, o Canadá tem sobrevalorização de 23,5% e a zona do euro, 11,7%.


Emergentes

Na outra ponta, os grandes emergentes aparecem todos com desvalorização da moeda: México (subvalorizado em 33,5%), China (-41,1%), Rússia (-44,4%) e Índia, o país com a moeda mais subvalorizada da pesquisa, com valor 61,8% menor que o praticado nos EUA. O Japão, que recentemente declarou sua entrada na guerra cambial, tem o sanduíche 19,5% mais barato que na sede do McDonald's.

Alguns economistas criticam o ranking e dizem que é de se esperar que o sanduíche custe menos nos países mais pobres, porque a mão de obra é mais barata nesses locais. Diante dessa avaliação, a revista também ponderou o índice Big Mac pelo Produto Interno Bruto (PIB) produzido por pessoa. Ou seja, pela capacidade de geração de riqueza de cada habitante de cada país.

Nesse caso, o ranking fica ainda pior para os desejos do governo federal, que gostaria de uma moeda mais fraca. Ajustado pelo PIB per capta, o real fica 92,3% sobrevalorizado em relação ao dólar e aparece simplesmente como a moeda mais valorizada do mundo.

Acompanhe tudo sobre:AlimentaçãoCâmbioComércioEmpresasEmpresas americanasFast foodFranquiasMcDonald'sRestaurantesThe Economist

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo