Economia

Indicadores econômicos continuam mostrando melhora, diz Ilan

Segundo o presidente do BC, apesar da crise instaurada após delação da JBS, a piora do sentimento de investidores e consumidores não afetou a economia real

Ilan: as condições de liquidez e de capitalização do sistema financeiro contribuíram para minimizar os efeitos da crise (Marcelo Camargo/Reuters)

Ilan: as condições de liquidez e de capitalização do sistema financeiro contribuíram para minimizar os efeitos da crise (Marcelo Camargo/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de agosto de 2017 às 13h06.

São Paulo - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, ressaltou em discurso nesta sexta-feira, 11, em São Paulo, que indicadores econômicos continuam mostrando melhora no segundo trimestre deste ano, sinalizando que a recessão ficou para trás.

"No segundo trimestre parece que tivemos uma continuidade de dados gradualmente mostrando recuperação", disse ele, ressaltando a criação líquida de empregos no mercado formal, que em julho marcou o quarto mês consecutivo de número positivo. Outro indicador mencionado foi a produção industrial, que também avançou. "Tem dado de comércio também reagindo", acrescentou.

Ilan reconheceu que o aumento da incerteza provocado pela crise política desencadeada pela delação da JBS, em 17 de maio, teve impacto na confiança dos agentes, mas a piora do sentimento de investidores e consumidores acabou não afetando a economia real, em sua avaliação.

Segundo o presidente do BC, as condições de liquidez e de capitalização do sistema financeiro contribuíram para minimizar os efeitos da crise.

O dirigente ressaltou ainda que, até o momento, o Brasil tem se beneficiado do ambiente externo benigno, que contribui para manter o apetite por risco por ativos de países emergentes.

Ilan dedicou a parte final de seu discurso para falar de política monetária, mas ressaltou que não traria novidades em relação aos comunicados recentes do BC.

Ele estimou que a taxa de juros real da economia está em 3,5%, as expectativas de inflação estão ancoradas e a Selic, a taxa básica de juros, teve queda relevante desde o ano passado.

A recessão de 2015 e 2016 foi um teste de estresse real para o sistema bancário brasileiro, disse Ilan logo no começo de seu discurso. Os bancos passaram bem pelos problemas e, segundo o presidente do BC, estão capitalizados e bem provisionados.

Ele ponderou, ao mesmo tempo, que o aumento da inadimplência provocou redução da margem de lucro dos bancos, mas ressaltou que o sistema segue sólido.

Alavancagem

O presidente do Banco Central ressaltou a alavancagem do sistema bancário brasileiro está controlada. Na avaliação de Ilan, o sistema encontra-se pronto para atender à demanda por crédito na retomada do crescimento econômico.

"Ativos problemáticos e inadimplência não ameaçam a estabilidade - 178% dos ativos inadimplentes e 83% dos ativos problemáticos estão provisionados - e as instituições financeiras brasileiras possuem índices de Basileia, de capitalização e de alavancagem acima dos mínimos exigidos", destacou.

De acordo com o banqueiro central, a resiliência do Sistema Financeiro Nacional (SFN) tem suas raízes no trabalho do BC, feito ao longo de anos, no robusto arcabouço regulatório e de supervisão e, também, na atuação prudente das instituições financeiras. Isso, de acordo com ele, foi o que manteve a solidez e a estabilidade do sistema em tempos difíceis.

O presidente do BC também aproveitou para destacar a agenda BC+. "Temos, como vocês sabem, trabalhado no dia a dia. Falei da supervisão e da regulação. Esse é o nosso dia a dia. Política Monetária e Cambial também é do dia a dia, mas tambémtemos que ir além da rotina. No último ano resolvemos compartilhar qual é a agenda que desenhamos e a chamamos de Agenda de BC+", afirmou.

"Temos algumas MPs a serem aprovadas, temos um pilar que é eficiência do sistema financeiro (limpar ineficiências, seja nossa como regulador, como do protetor do sistema) e o objetivo de baratear o crédito para todos", disse.

Consulta pública

Ilan Goldfajn disse também que a instituição vai colocar em consulta pública uma proposta normativa que permite a possibilidade de empréstimos entre pessoas.

"O objetivo é promover a criação de instituições especializadas que operem de forma segura e ordenada na realização de empréstimo por meio de plataforma eletrônica."

Ele destacou que há uma série de inovações no sistema financeiro, associadas ao crescente uso da internet e de aplicativos para se fazer transações bancárias. Neste ambiente, o BC precisa ficar atento à segurança das operações cibernéticas.

O desenvolvimento tecnológico, observou Ilan, tem facilitado o aparecimento de novos modelos de negócio, como as fintechs de crédito. Este tipo de instituição tende a aumentar a concorrência no sistema financeiro brasileiro, permitindo o aumento da oferta de empréstimos, particularmente dos micro, pequenos e médios empreendedores.

"Tais inovações tecnológicas, associadas à intensificação do uso da internet e de aplicativos para o acesso a serviços bancários, traz também desafios para reguladores e instituições financeiras", destacou o presidente do BC.

Ilan fez o discurso na abertura do XII Seminário Anual sobre Riscos, Estabilidade Financeira e Economia Bancária, que acontece nesta sexta-feira, em São Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCrise econômicaeconomia-brasileiraIlan Goldfajn

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor