Economia

Índia pode frustrar 1º acordo comercial da OMC em 20 anos

Índia decidiu bloquear acordo se não obtiver garantias de que sua preocupação vital, sobre a segurança alimentar de sua população, receberá igual atenção


	Índia: país ameaçou bloquear acordo com a OMC caso preocupação com a segurança alimentar dos indianos não receba devida atenção
 (Blog 360meridianos)

Índia: país ameaçou bloquear acordo com a OMC caso preocupação com a segurança alimentar dos indianos não receba devida atenção (Blog 360meridianos)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2014 às 17h03.

Genebra - A Índia colocou a Organização Mundial do Comércio (OMC) sob a ameaça do fracasso do primeiro acordo adotado em 20 anos de negociações e que deveria estabelecer os fundamentos para uma reforma dos sistemas alfandegários em escala global a fim de facilitar as trocas comerciais entre países.

Às vésperas de se completar, no próximo dia 31, o prazo para que a OMC formalize um acordo adotado em dezembro para a facilitação de comércio, a Índia decidiu bloqueá-lo se não obtiver garantias de que sua preocupação vital, relacionada com a segurança alimentar de sua população, receberá igual atenção.

A preocupação do governo de Nova Délhi é compartilhada por vários países em desenvolvimento, mas só Bolívia, Venezuela e Cuba respaldaram hoje publicamente a posição do primeiro a uma sessão do Conselho Geral - principal órgão permanente de decisão - da organização.

A OMC é composta por 160 Estados-membros, que no final de 2013 realizaram sua última Conferência Ministerial em Bali (Indonésia), da qual o único resultado palpável foi o anúncio de um acordo para facilitar o comércio, após vários anos de negociações infrutíferas.

O embaixador indiano na OMC, Anjali Prasad, sustentou para o resto das delegações que desde a conferência de Bali, as discussões para uma solução permanente de suas inquietações estão estagnadas, com o que os países desenvolvidos descumpriram as promessas que fizeram em dezembro de avançar nesse sentido.

A Índia tem um programa de subsídios criticado por vários países - principalmente Estados Unidos e Paquistão, com o qual mantém uma relação historicamente tensa - e que lhe permite pagar a seus pequenos produtores agrícolas preços acima dos do mercado doméstico.

Depois revende para a população esses mesmos produtos, mas mais baratos.

Em diferentes declarações nestes últimos dias de negociações, a Índia defendeu seu sistema assinalando que é vital para garantir a segurança alimentar de 600 milhões de indianos pobres.

Por isso, procura blindar esse programa de subsídios através de um acordo pelo qual todos os países deveriam renunciar de forma definitiva a questioná-lo pela via legal, através do mecanismo de arbitragem comercial que a OMC administra.

Em dezembro, para aceitar o acordo de facilitação do comércio em uma primeira instância, a Índia recebeu a garantia que procura, mas somente até 2017.

Sua posição agora é que, o mais tardar em dezembro próximo, todos os países da OMC devem assinar um acordo permanente que responda a seu interesse em matéria de segurança alimentar.

Só então estaria disposto a suspender seu veto ao acordo de facilitação do comércio, que análises econômicas indicam que reduziria o custo das transações alfandegárias em 10% nos países ricos e em 15% nos emergentes.

A Índia e os países que lhe apoiam defenderam hoje por estender o prazo que vence na próxima semana e adotar um acordo em pacote em dezembro próximo, que inclua, por uma parte, segurança alimentar e pela outra, facilitação do comércio.

Estados Unidos e União Europeia se pronunciaram contra essa opção e assinalaram que a posição de Índia ameaça a credibilidade de toda a OMC como fórum de negociação.

"Estamos muito decepcionados que um punhado de países estejam dispostos a renegar os compromissos de Bali e matar o acordo fechado ali", disse na sessão do Conselho Geral o embaixador americano, Michael Punke.

Por sua vez, um representante da UE assinalou que todos devem respeitar "as decisões tomadas em Bali pelos ministros" e adiantou que o bloco "não está disposto a renegociar os elementos fundamentais ou os prazos aceitos".

A direção do Conselho geral indicou, ao término da sessão de hoje, que esta será reaberta unicamente se surgir uma possibilidade de acordo, algo que por enquanto parece muito improvável.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaComércioÍndiaOMC – Organização Mundial do Comércio

Mais de Economia

BNDES firma acordo de R$ 1,2 bilhão com a Agência Francesa para projetos no Brasil

Se Trump deportar 7,5 milhões de pessoas, inflação explode nos EUA, diz Campos Neto

Câmara aprova projeto do governo que busca baratear custo de crédito