Economia

Índia deve aumentar compras de petróleo do Brasil

Compras ajudariam a diversificar as fontes de petróleo da Índia, que busca se proteger de riscos geopolíticos

Plataforma de petróleo no Brasil: Índia é o terceiro maior consumidor global de petróleo (Rich Press/Bloomberg)

Plataforma de petróleo no Brasil: Índia é o terceiro maior consumidor global de petróleo (Rich Press/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 22 de janeiro de 2020 às 11h19.

Última atualização em 22 de janeiro de 2020 às 15h38.

São Paulo —  Refinarias da Índia querem ampliar as compras de petróleo do Brasil, em meio a um esforço do país asiático para diversificar seus fornecedores, disse nesta quarta-feira o ministro de Petróleo e Gás Natural indiano, Dharmendre Pradhan.

Terceiro maior consumidor global de petróleo, a Índia importa 80% de suas necessidades da commodity e geralmente depende do Oriente Médio para atender à maior parte da demanda. Mas as importações da região caíram para uma mínima de quatro anos em 2019.

A busca por novas alternativas de suprimento acontece em momento de elevação das tensões no Oriente Médio, após um ataque dos Estados Unidos em Bagdá em 3 de janeiro que matou um importante comandante iraniano e ações posteriores de retaliação do Irã contra os norte-americanos.

"A Índia está diversificando seu suprimento de petróleo e nossas companhias expressaram interesse em obter mais petróleo do Brasil, se forem oferecidos termos comerciais favoráveis", afirmou Pradhan em seu perfil no Twitter.

Ele esteve reunido nesta quinta-feira com o ministro de Minas e Energia do Brasil, Bento Albuquerque, que participa de visita oficial do presidente Jair Bolsonaro à Índia.

A Reuters havia publicado mais cedo, com informação de uma fonte, que o governo indiano quer que refinarias estatais do país comprem petróleo do Brasil em contratos anuais.

As compras poderiam ser realizadas por empresas como a Indian Oil Corp (IOC), segundo a fonte, que falou sob a condição de anonimato.

As exportações de petróleo do Brasil atingiram um recorde em dezembro, de 8,72 milhões de toneladas, e deverão permanecer em crescimento nos próximos meses e anos, diante de um avanço expressivo da produção nos campos do pré-sal.

As refinarias estatais indianas também têm se movimentado para fechar compras de petróleo da Rússia em contratos anuais, conforme publicado pela Reuters na terça-feira com informações de fontes.

MINERAÇÃO, BIOCOMBUSTÍVEIS

O ministro de Petróleo da Índia também afirmou que discutiu com a comitiva brasileira uma possível cooperação dos países em óleo e gás, biocombustíveis e mineração.

"Nós estamos mirando alcançar 20% de mistura de etanol na gasolina e 5% em capacidade de mistura de biodiesel em 2030. Nesse sentido, expressei o interesse da Índia em trabalhar com o Brasil no campo de bioenergia", escreveu Pradhan no Twitter.

As conversas ainda envolveram possível aumento da interação em tecnologia, "particulamente nas áreas de mineração e pelotização", acrescentou ele.

Memorandos de entendimento entre os países para os setores de bioenergia e petróleo e gás deverão ser assinados em uma reunião agendada para 25 de janeiro em Nova Délhi, disse Pradhan.

Ele ainda afirmou, ao listar os assuntos tratados na reunião com o ministro brasileiro, que buscou "intervenção para uma monetização antecipada de nossos investimentos existentes no setor de energia do Brasil".

O ministro indiano, porém, não entrou em detalhes sobre que investimentos seriam esses. As indianas ONGC Videsh e Bharat PetroResources possuem fatias em alguns blocos de exploração no Brasil.

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