Economia

Incerteza volta a subir com riscos da 2ª onda de covid, diz FGV

Aumento da preocupação com risco fiscal capturado pelo índice foi realçado pela discussão sobre a possibilidade de descumprimento do teto de gastos

Pessoas caminham em uma rua comercial, no centro de São Paulo, Brasil, em 4 de agosto de 2020.  (Nelson Almeida/AFP)

Pessoas caminham em uma rua comercial, no centro de São Paulo, Brasil, em 4 de agosto de 2020. (Nelson Almeida/AFP)

B

Bloomberg

Publicado em 11 de novembro de 2020 às 16h55.

Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 17h03.

A incerteza em relação à economia brasileira está próxima do maior nível desde o início de setembro com o receio de que a segunda onda de covid-19, já instalada na Europa e nos Estados Unidos, possa desacelerar a retomada global e obrigar o Brasil a manter gastos públicos elevados.

“Os últimos movimentos de piora da incerteza têm a ver tanto com a pandemia quanto com o risco fiscal”, diz Anna Carolina Gouveia, economista responsável pela análise do índice de incerteza da Fundação Getulio Vargas.

Calculado diariamente com base nas informações dos sete dias anteriores, o índice se baseia nas menções do termo “incerteza” na mídia e na dispersão das expectativas sobre câmbio, inflação e taxa Selic na pesquisa Focus.

Incerteza segue elevada com risco fiscal e pandemia

Incerteza segue elevada com risco fiscal e pandemia (Bloomberg/Bloomberg)

O aumento da preocupação com risco fiscal capturado pelo índice nos últimos meses foi realçado pela discussão sobre a possibilidade de descumprimento do teto de gastos, diz a economista. Mais recentemente, a percepção de paralisia das reformas, diante da proximidade da eleição municipal e da disputa pelo comando na Câmara e Senado, agravou o cenário.

“Temos uma paralisia no Congresso e não se sabe o que será feito em questões como o auxílio emergencial e o teto de gastos”, diz Anna Carolina.

Segundo ela, a pandemia, que levou ao aumento de gastos neste ano, também agrava as incertezas fiscais para 2021. Isso porque, se o Brasil for atingido por uma segunda onda de covid, os gastos com o auxílio podem continuar, ao mesmo tempo que novas medidas de isolamento poderiam interromper a retomada do crescimento.

“A incerteza fiscal também é influenciada pela pandemia”, diz a economista da FGV.

Caso o Brasil seja atingido por uma segunda onda de covid-19, o governo vai gastar, mas num patamar menor que o observado na primeira onda, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, durante o evento Bloomberg Emerging + Frontier Forum 2020 na terça-feira.

Acompanhe tudo sobre:Coronavíruseconomia-brasileiraPIB do Brasil

Mais de Economia

Haddad diz que pacote de corte de gastos está fechado com Lula e será anunciado em breve

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump