Michel Temer: o mercado de câmbio, no Brasil e no resto da América Latina, também deve ser afetado pela volatilidade internacional (Adriano Machado / Reuters)
Da Redação
Publicado em 2 de junho de 2016 às 10h07.
Brasília - A volatilidade pode voltar a crescer nos mercados de câmbio da América Latina após a alta do dólar no mês passado, com a crise política do Brasil ainda incomodando os investidores, segundo pesquisa da Reuters publicada nesta quinta-feira.
A pesquisa mensal com estrategistas de câmbio mostrou que as apostas continuaram alinhadas para alta do dólar nos próximos meses, com a mediana de 23 projeções indicando taxa de câmbio de 3,82 reais daqui a 12 meses.
O dólar teve a maior alta em oito meses no mês passado, subindo 5% para perto de 3,60 reais após um começo turbulento para o governo interino de Michel Temer.
A instabilidade política provocada pela Operação Lava-Jato continuou rondando Brasília mesmo após a presidente Dilma Rousseff ser afastada em 12 de maio.
Dois ministros de Temer já caíram, e as principais medidas econômicas anunciadas ainda estão longe de aprovação pelo Congresso.
Doze estrategistas na pesquisa mencionaram risco de alta maior do que o esperado no Brasil particularmente devido a incertezas políticas.
"A cena política é bastante desafiadora, especialmente agora por causa das gravações envolvendo membros do PMDB", afirmaram analistas da consultoria GO Associados em comentários ao responder à pesquisa eletrônica.
O mercado de câmbio, no Brasil e no resto da América Latina, também deve ser afetado pela volatilidade internacional.
O peso mexicano se desvalorizou até mais que o real no mês passado, com queda de 7,5% em relação ao dólar em meio às expectativas de aumento dos juros pelo Federal Reserve mais cedo que se imaginava.
"O impacto de um aumento dos juros pelo Fed é difícil de prever, com o aumento da aversão a risco e a busca pela segurança do dólar", disse o economista da corretora Alianza, em Bogotá, Felipe Campos.
Os investidores precisam prestar atenção em outros bancos centrais também. Segundo analistas do Societe Generale, a maior ameaça pode não vir do Fed, que tem tentado comunicar cada passo com muita cautela para não criar instabilidade.
"Nos últimos 18 meses, as maiores movimentações vieram de mudanças de política mal conduzidas pelos bancos centrais da Suíça, do Japão e da China", escreveram os analistas chefiados por Vincent Chaigneau em relatório.