Dilma Roussef e Marina Silva: movimento em torno das eleições presidenciais de outubro provocou um clima de incerteza quanto aos rumos da economia (Bruno Santos/Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de setembro de 2014 às 16h04.
Brasília - O Indicador Antecedente Composto da Economia (Iace), que sinaliza tendências do comportamento da economia no curto prazo, caiu 0,4%, em agosto, ficando em 121,5 pontos, ante alta de 2% no mês anterior e redução de 1,6%, em junho. Três dos oito componentes da taxa influenciaram positivamente o resultado, segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), em conjunto com a organização The Conference Board.
Já o Indicador Coincidente Composto da Economia (ICCE) do Brasil, que avalia caracteriza o movimento concreto da economia apresentou ligeira alta de 0,1% em agosto, com 127,0 pontos. Em julho, a taxa tinha alcançado 0,2% e, em junho, recuo de 0,6%.
O Iace e o ICCE tomam por base as pesquisas em torno das expectativas dos empresários e dos consumidores, além das variações do Ibovespa (índice da Bolsa de Valores de São Paulo), da Taxa Referencial de Swaps DI Pré-Fixada - 360 dias e de levantamentos da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) e do balanço da produção de bens físicos medidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) .
Segundo o economista Paulo Picchetti, da FGV, o movimento em torno das eleições presidenciais de outubro, com a concorrência mais acirrada entre os três candidatos mais bem colocados nas pesquisas, provocou um clima de incerteza quanto aos rumos da economia. "As expectativas dos indicadores permanecem indefinidas ante a proximidade das eleições. Ainda é muito cedo para dizer se o crescimento econômico vai melhorar no segundo semestre deste ano, mas o Iace sugere que a economia, provavelmente, continuará em um cenário de dificuldades no curto prazo", disse o economista.
Picchetti explicou que o Iace tem a característica de antecipar mudanças na economia. De acordo com ele, o resultado de agosto (queda de 0,4%) reflete tanto a desaceleração econômica mostrada nos dois trimestres negativos do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) quanto as incertezas do mercado diante do movimento em torno das eleições, com a “reviravolta” dos últimos dias. Já o indicador coincidente caracteriza as mudanças, destacou Picchetti.
O economista do Conference Board, Ataman Ozyildirim, lembrou que, em sete dos oito primeiros meses deste ano, o Iace foi negativo, com desempenho fraco e generalizado dos principais indicadores antecedentes. "A perspectiva mais pessimista observada nas sondagens dos consumidores e nas expectativas em relação ao setor de serviços sobressaíram-se à melhoria das expectativas da indústria de transformação e do mercado de ações em agosto", afirmou Ozyildirim.
O Indicador Antecedente Composto da Economia para o Brasil foi lançado em julho do ano passado pelo FGV/IBRE e pelo The Conference Board. Segundo as instituições, com uma série desde 1996, o Iace antecipou, de maneira confiável, todas as quatro recessões identificadas pelo Comitê de Datação de Ciclos Econômicos do Ibre durante este período. O indicador permite uma comparação direta dos ciclos econômicos do Brasil com os de vários países e regiões já cobertos pelo Conference Board: China, Estados Unidos, Zona do Euro, Austrália, França, Alemanha, Japão, México, Coréia, Espanha e Reino Unido.