O aumento na expectativa de gastos das famílias, segundo Felisoni, é decorrente da percepção do consumidor quanto à inflação maior (ROBERTO SETTON/EXAME)
Da Redação
Publicado em 11 de abril de 2012 às 14h33.
São Paulo - O índice de consumidores da cidade de São Paulo que pretendem comprar algum bem durável no atual trimestre caiu 15,2 pontos percentuais ante igual período em 2011, para 58 por cento, o segundo pior nível desde 2008, conforme pesquisa divulgada nesta quarta-feira, apontando uma retração nas vendas do varejo como um todo na primeira metade do ano.
Em relação ao primeiro trimestre deste ano, houve queda de 1,4 ponto percentual na intenção de compra, segundo a pesquisa com 500 consumidores da cidade de São Paulo realizada pelo instituto Provar, da Fundação Instituto de Administração (FIA), em parceria com a consultoria Felisoni.
As perspectivas ocorrem em meio à adoção de medidas, por parte do governo, para incentivar o consumo no país, após forte desaceleração das vendas no ano passado. As medidas, entretanto, devem começar a favorecer o desempenho do varejo apenas a partir do segundo semestre, segundo o presidente do conselho do Provar, Claudio Felisoni.
"Com base no cenário atual, considerando as ações para estimular o consumo, espera-se uma retração significativa das vendas de bens duráveis até meados do ano", disse ele, destacando, entre as medidas que podem favorecer o consumo, a iniciativa de bancos privados de reduzir as taxas de juros a pessoas físicas.
"A iniciativa de reduzir juros na ponta deve ajudar (a impulsionar as vendas)", afirmou Felisoni. "Mas os bancos públicos ficam com a parte ruim da pizza, já que recorrem a eles pessoas com maior probabilidade de inadimplência", disse ele, se referindo ao perfil mais criterioso dos bancos privados.
No sentido contrário do consumo, o nível de inadimplência, segundo o levantamento, tende a aumentar no atual trimestre, sendo que em maio deve ser registrado o maior pico de endividamento desde o final de 2009, para o patamar de 8,1 por cento, considerando dívidas com atraso superior a 90 dias.
"A inadimplência vai continuar crescendo até maio... a partir daí a expectativa é de queda ligeira", acrescentou Felisoni. Conforme a pesquisa, o nível de inadimplência deve cair para 7,9 por cento em junho.
Vendas menores
No trimestre em que são comemoradas duas datas significativas para o varejo -Dia das Mães e Dia dos Namorados- as vendas devem ficar abaixo do esperado, de acordo com o levantamento.
As vendas totais no varejo devem crescer 2,9 por cento nos 12 meses até junho, bem abaixo da alta de 7 por cento vista um ano antes.
Dentre as 13 categorias pesquisadas, dez apresentaram queda na expectativa de compra entre abril e junho, sendo aquelas com maior intenção vestuário e calçados (21,2 por cento), informática (11,2 por cento) e linha branca (10,2 por cento).
Já as categorias com maior alta na intenção de gastos na comparação com os três primeiros meses de 2012 são cama, mesa e banho (87,8 por cento), cine e foto (81,5 por cento) e eletroportáteis (69,1 por cento).
O aumento na expectativa de gastos das famílias, segundo Felisoni, é decorrente da percepção do consumidor quanto à inflação maior.
Os gastos com educação, alimentação e crediário são os que mais comprometem a renda do consumidor, em 21,8, 20,4 e 17,6 por cento, respectivamente, de acordo com a pesquisa, restando apenas 11,4 por cento do orçamento para outras despesas, com base em uma renda familiar média de 2.354 reais mensais.