Pagamentos: levando em consideração os recursos totais no mercado de crédito, a inadimplência recuou a 3,4 por cento em junho, ante 3,6 por cento em maio (Jair Magri/Guia Quatro Rodas)
Da Redação
Publicado em 26 de julho de 2013 às 16h46.
Brasília - A inadimplência no Brasil recuou em junho para o menor patamar em quase dois anos, por conta da menor concessão de empréstimos diante da cautela dos bancos ante uma economia fraca, juros em alta e sinais de moderação no emprego e na renda.
Depois de dois meses de estabilidade a 5,5 por cento, a inadimplência no sistema financeiro nos empréstimos com recursos livres recuou para 5,2 por cento em junho -- menor patamar desde julho de 2011, quando estava em 5,1 por cento.
Levando em consideração os recursos totais no mercado de crédito, que incluem também os empréstimos com recursos direcionados, a inadimplência recuou a 3,4 por cento em junho, ante 3,6 por cento em maio.
"A queda na inadimplência não indica que há espaço para o crescimento do país via crédito. Ao contrário, a queda reflete uma posição mais seletiva dos bancos diante da economia com perspectiva de expansão baixa e menor demanda dos consumidores por empréstimos diante dos resultados fracos do mercado de trabalho", disse o economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho.
As concessões de empréstimos no segmento de recursos livres recuaram 8 por cento na comparação mensal, para 248,3 bilhões de reais em junho. No crédito total, o recuo foi de 3,8 por cento, para 302,5 bilhões de reais.
Dados preliminares do BC para o crédito em julho reforçam esse quadro, mostrando queda de 11,6 por cento nas concessões no segmento de recursos livres em julho, até o dia 12, e com aumento dos juros e dos spread.
Em junho, a taxa de desemprego subiu para 6 por cento, no maior patamar desde abril de 2012, com o indicador acompanhado da quarta queda consecutiva no rendimento da população. Além desse indicador, dados do Ministério do Trabalho mostraram também que o primeiro semestre de 2013 registrou a mais baixa geração de vagas formais de trabalho desde 2009.
Existem algumas indicações de que a inadimplência pode continuar perdendo força nos próximos meses. O Bradesco, que possui cerca de 16 por cento do mercado de crédito brasileiro, já informou que a tendência é de estabilidade e de até uma queda eventual da inadimplência até o fim do ano.
"Os bancos, a partir do momento em que observaram aumento da inadimplência, naturalmente adotaram uma posição mais seletiva", comentou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.
O BC informou ainda que o estoque total de crédito no Brasil subiu 1,8 por cento em junho ante maio, chegando a 2,532 trilhões de reais, ou 55,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Spread e Juros
O spread bancário caiu para 10,9 pontos percentuais em junho, nível mais baixo da série histórica iniciada em março de 2011, com a taxa de concessão de empréstimos não acompanhando a elevação do custo de captação dos bancos. Levando em consideração apenas os empréstimos com recursos livres, o spread caiu para 16,7 pontos percentuais, ante 17,2 pontos percentuais vistos em maio.
A redução do spread, contudo, não está se mantendo em julho. Dados preliminares do BC apontam para alta 0,4 ponto percentual do spread, para 17,1 ponto percentual em julho até o dia 12.
A taxa média de juros no segmento de recursos livres subiu para 26,5 por cento ao ano em junho, ante 25,8 por cento verificado em maio. No crédito total, os juros subiram para 18,5 por cento ao ano, ante 18,1 por cento apurado em maio.
A alta dos juros reflete o aumento da taxa básica de juros, a Selic, que subiu 1,25 ponto percentual desde abril, para 8,5 por cento ao ano.
Para este mês, a tendência é de aumento dos juros. Dados preliminares do BC para os juros no segmento de crédito livre mostram aumento de 0,6 ponto percentual até o último dia 12, quando a taxa estava em 27,1 por cento ao ano.