Gandini, presidente da Abeiva: "quem vai pagar a conta é o consumidor. O governo tem que saber que está errado" (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 20 de setembro de 2011 às 15h40.
São Paulo – O presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva), José Luiz Gandini, vai se reunir com o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, na próxima quinta-feira. O tema da conversa será a elevação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados.
Na reunião, que deve ser confirmada entre hoje e amanhã, Gandini vai expor ao ministro as insatisfações do setor com a medida. “Queremos sensibilizar o governo, mostrar para o ministro que esta medida é inconstitucional”, afirma. A assessoria de imprensa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior informa que a agenda oficial ainda não prevê o encontro.
De acordo com o executivo, que é também presidente da montadora sul-coreana Kia Motors, o mínimo que a Abeiva vai tentar negociar é o prazo de 90 dias para que as montadoras se adequem às exigências do decreto federal. “O prazo é garantido pela constituição, que não foi escrita pela Abeiva. Não podemos aceitar que o governo simplesmente queira mudar as regras da brincadeira no meio do caminho.”
A entidade fala ainda em acionar o governo judicialmente, para exigir o cumprimento do prazo. As importadoras concordaram em esperar até, no máximo, segunda-feira da próxima semana. Se o resultado das tentativas com o governo não for satisfatório, a Abeiva vai recorrer à Justiça.
Segundo Gandini, a alíquota do IPI só é questionável na Organização Mundial do Comércio (OMC). Portanto, as medidas iniciais vão girar em torno do prazo de adequação. “O que não podemos é morrer. Temos 40 mil empregos diretos, isso é algo respeitável”, diz.
De acordo com o executivo, a alta do IPI de 30 pontos percentuais provoca um aumento de 430% no preço de um dos modelos flex 1.0, da Kia. “Isso aconteceu de um dia para o outro. E quem vai pagar a conta é o consumidor, que vai ter que assimilar carros mais caros e com menos tecnologia. O governo tem que saber que está errado”. Segundo ele, a Abeiva não considera recuar caso não haja acordo.