Ferrovia de Carajás no Maranhão: as ferrovias brasileiras tem velocidade média de 20km/h, enquanto nos Estados Unidos se chega a 40km/h e na China, 80km/h (Marcos Issa/Bloomberg News)
Da Redação
Publicado em 22 de outubro de 2013 às 17h33.
Rio de Janeiro - As falhas de infraestrutura no Brasil são mais visíveis nos meios de transporte terrestres. Faltam boas rodovias e, principalmente, falta uma malha rodoviária que atenda à demanda da produção nacional e otimize essa logística. A avaliação é do presidente da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR), Moacyr Duarte.
Para ele, que participa nesta terça-feira do 4º EXAME Fórum Infraestrutura, no Rio de Janeiro, não é certo dizer que o Brasil só investe em estradas e é, portanto "rodoviarista" em vez de "ferroviarista". "O Brasil não tem infraestrutura nenhuma", afirma o presidente da ABCR.
Junto com Rodrigo Vilaça, presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) e Paulo Fleury, diretor do Instituto Ilos de Logística, ele falou sobre os erros e acertos dos novos modelos de concessão e os desafios na execução dos projetos.
"O governo tem e segue boas ideias, mas a implementação é desastrosa", disse Fleury, que foi logo apoiado pelos demais presentes.
"São 11 anos de atraso no setor ferroviário. Desde maio de 2003, quando o governo lançou um plano de revitalização de ferrovias, nada mais foi feito", disse Vilaça, da ANTF.
Isso faz com que o Brasil fique muito atrás de outros países quando se trata de transporte de carga sobre trilhos. Hoje, as ferrovias brasileiras tem velocidade média de 20km/h, enquanto nos Estados Unidos se chega a 40km/h e na China a 80km/h.
Pior do que a falta de investimento, são os erros cometidos com o pouco que se tem. "Não adianta fazer a ferrovia sem trilhos ou com trilhos dimensionados erroneamente que não resistem à capacidade máxima dos trens", reclama o presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários .
Trem-bala
Esse atraso todo justifica o desânimo de Vilaça com o trem-bala. "Eu queria que o dinheiro do trem-bala fosse aplicado na malha que já temos. Não há necessidade dessa obra espetacular no eixo Rio-Campinas-São Paulo. Ele seria mais útil no Centro-Oeste ou no Nordeste do Brasil", afirma.