Economia

Impacto do câmbio sobre IPCA será limitado, diz Itaú Unibanco

Segundo a economista Laura Haralyi, caso ocorra uma piora do cenário externo, os preços das commodities podem cair e afetar os preços domésticos e os índices de inflação

O cenário externo é tenso hoje e continua ditando os fundamentos para os negócios com câmbio (Joe Raedle/Getty Images)

O cenário externo é tenso hoje e continua ditando os fundamentos para os negócios com câmbio (Joe Raedle/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2011 às 21h05.

São Paulo - Em relatório divulgado no final da tarde desta terça-feira, 25, a economista do Itaú Unibanco Laura Haralyi avalia, a partir do Índice de Commodities do banco, que o impacto da recente da desvalorização do câmbio sobre o IPCA será limitado. "O comportamento dos preços das commodities no mercado doméstico e a análise de eventos similares no passado reforçam essa ideia, apesar da depreciação do câmbio ao longo do último mês. Entretanto, caso ocorra uma deterioração adicional do cenário externo, os preços internacionais das commodities podem ceder mais e, dependendo do comportamento do câmbio, afetar também os preços domésticos e os índices de inflação ao consumidor", pondera a economista.

Ela lembra que o Índice de Commodities Brasil (IC-Br), calculado pelo Banco Central com base nos preços internacionais em reais, por exemplo, subiu 7,8% em setembro, enquanto o Índice de Commodities Itaú para Inflação (ICI-Inflação), calculado com base nos preços domésticos das commodities e sem defasagens, apresentou variação de apenas 1,7%. "Mas isso é evidência suficiente para garantir que a depreciação cambial não chegará aos preços domésticos de commodities? Entendemos que sim. A análise de situações similares no passado e as diferenças nas formações de preços aqui e no exterior reforçam essa percepção", afirma a economista.


Entretanto, alerta ela, o repasse do câmbio aos índices de inflação pode ocorrer através de outros canais como, por exemplo, a redução da concorrência de produtos importados (bens finais ou componentes e peças) e aumento dos custos de insumos industriais, dentre outros. A economista avalia ainda que a variação dos preços das commodities no mercado externo nem sempre ocorre no Brasil simultaneamente ou em magnitude similar. "Para alguns produtos, a diferença entre o preço doméstico e o internacional é apenas o custo de frete ou o prêmio de exportação (em especial para a soja). Mas, para outros, a estrutura de formação dos preços pode ser bem diferente. É o caso, por exemplo, do boi, do leite e do arroz, produtos de grande importância na cesta de consumo dos brasileiros", observa a economista.

A diferença vista em 2010 e 2011 entre a variação dos preços das commodities no mercado internacional e no mercado doméstico é facilmente identificada na comparação do Índice de Commodities Itaú para Inflação, calculado tanto para preços internos como externos (em reais e em dólares), todos sem nenhuma defasagem. Ainda segundo Laura, o Índice de Commodities Itaú para Inflação, calculado com base nos preços externos (em reais), havia atingido seu ponto mais alto em março de 2011, totalizando 36,4% de aumento a partir de julho de 2010. Com o movimento do câmbio em setembro, o ICI-Inflação para preços externos (em reais) superou o nível observado no início deste ano, subindo 6,5% em apenas um mês. "Já o ICI-Inflação calculado exatamente com a mesma estrutura de ponderação e com base nos preços das mesmas commodities, mas observados no mercado interno (também sem defasagem), subiu 37,8%, entre julho de 2010 e março deste ano, e 1,7%, em setembro último.

"A alta observada no segundo semestre de 2010 e início de 2011 deveu-se ao aumento dos preços mundiais de commodities, resultante dos baixos estoques globais, da crescente demanda e dos danos causados por questões climáticas nas principais lavouras ao redor do mundo. Esse movimento foi simultaneamente repassado para os preços internos.

Agora em setembro de 2011, o movimento observado foi uma redução dos preços das commodities no mercado externo (1,5%, em setembro, em dólares) e a simultânea depreciação do real, decorrentes da perspectiva de menor crescimento mundial e do aumento da aversão a risco", diz Laura. De acordo com ela, devido à natureza e/ou volatilidade do movimento recente do câmbio ou ainda à situação atual de demanda externa e interna, esse movimento não foi repassado para os preços internos, limitando, assim, a perspectiva de impacto sobre os índices de inflação.

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