Economia

Ilan: Brasil conseguirá reduzir indexação se mantiver inflação baixa

Presidente do BC disse que inflação baixa por período prolongado depende da aprovação de reformas e ajustes estruturais

Ilan Goldfajn: "Quanto menos indexação, mais potente é a política monetária... A indexação faz isso, te amarra ao passado" (Germano Lüders/Exame)

Ilan Goldfajn: "Quanto menos indexação, mais potente é a política monetária... A indexação faz isso, te amarra ao passado" (Germano Lüders/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de junho de 2018 às 15h35.

São Paulo - O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disse nesta sexta-feira, 8, que o Brasil conseguirá reduzir a indexação da economia se mantiver a inflação baixa por período prolongado, o que depende da aprovação de reformas e ajustes estruturais.

Ao participar de um encontro promovido na zona sul da capital paulista pelo Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros (Ibef), o titular do BC sustentou que a indexação tem raízes mais culturais do que legislativas, lembrando que nenhuma lei obriga as escolas a reajustar mensalidades a cada 12 meses.

"Quanto menos indexação, mais potente é a política monetária ... A indexação faz isso, te amarra ao passado", afirmou Goldfajn.

"Se a gente conseguir manter a inflação baixa, vamos conseguir reduzir a indexação. Para manter a inflação baixa, temos de seguir o curso, reformar e ajustar a economia", acrescentou.

Durante o evento, o presidente do BC, mais uma vez ressaltando a natureza técnica e apartidária da instituição, negou-se a falar das eleições, mas defendeu uma "sinalização" de que o Brasil vai perseverar no caminho das reformas fiscais e que aumentem a produtividade da economia.

Ele aproveitou ainda para ressaltar as medidas que o BC vem tomando para o País ter um sistema financeiro mais justo e de custo do crédito mais baixo.

Disse que a autarquia tem se concentrado em reduzir os custos operacionais - assim como ampliar as garantias do sistema bancário -, e em incentivar a competição com menores restrições a fintechs. Também defendeu a redução dos subsídios cruzados, de forma a permitir que mais tomadores de crédito tenham acesso a juros mais baixos.

Sobre as medidas para diminuir os juros, Goldfajn lamentou que o projeto de cadastro positivo, uma espécie de ranking de bons pagadores, venha recebendo resistência de órgãos de defesa do consumidor na Câmara.

Bolsonaro

O presidente do BC se recusou a comentar a possibilidade de permanecer à frente da instituição em um eventual governo de Jair Bolsonaro, deputado federal do Rio de Janeiro que é pré-candidato à Presidência pelo PSL.

"Eu tenho dito que não comento candidatos, assessores de candidatos, apostas e eleições. Eu sempre digo que o papel do BC é se manter neutro, apartidário. Precisamos de atores neutros, para ajudar nessa transição para o próximo governo", explicou Goldfajn, em resposta a uma pergunta feita após palestra no Ibef.

Acompanhe tudo sobre:Banco Centraleconomia-brasileiraIlan GoldfajnInflação

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo