Serviços: transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio tiveram principal impacto positivo sobre alta de 2,2% na média global (Reza Estakhrian/Getty Images/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de junho de 2018 às 15h55.
Rio - A melhora disseminada registrada em abril entre as atividades de serviços no País mostra algum tipo de recuperação do setor, avaliou Rodrigo Lobo, analista da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Há algum tipo de recuperação do setor de serviços. Ele já vinha ensaiando, com as atividades de transportes e de outros serviços, e agora esse mês com ajuda dos serviços prestados às famílias, que andavam oscilando, e a novidade que é o segmento de serviços profissionais e administrativos. Esse foi o diferencial para que os serviços voltassem ao território positivo na comparação interanual", avaliou Lobo.
Na passagem de março para abril, quatro das cinco atividades registraram crescimento no volume de serviços prestados, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços, divulgada nesta quinta-feira, 14, pelo IBGE. Lobo lembrou também que a base de comparação fraca, após meses de resultados negativos, é um facilitador de desempenhos mais positivos.
"É muito em função também da base deprimida. Na comparação interanual mês contra igual mês do ano anterior, temos apenas duas taxas positivas entre de 37 informações. Fazia tempo que os serviços vinham mostrando perda de receita", ponderou.
Em relação a abril do ano passado, quatro entre as cinco também registraram crescimento. Os transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (4,4%) tiveram o principal impacto positivo sobre a alta de 2,2% na média global, impulsionados pelo aumento na receita dos transportes rodoviários de cargas, coletivo de passageiros, transporte aéreo, correio e operação de aeroportos.
Os demais avanços ocorreram nos segmentos de outros serviços (11,4%), serviços profissionais, administrativos e complementares (2,7%) e serviços prestados às famílias (0,8%). Por outro lado, houve queda em serviços de informação e comunicação (-1,6%), puxada pela menor receita real das telecomunicações.
O Índice de difusão de serviços, que mostra a proporção dos 166 tipos de serviços investigados com crescimento, alcançou 54,2% em abril, um recorde na série histórica iniciada em janeiro de 2017.
Entretanto, o setor de serviços ainda opera 11,8% abaixo do pico de atividade registrado em novembro de 2014. Ao mesmo tempo, o patamar atual está apenas 1,9% acima do ponto mais baixo da série, que foi alcançado em março de 2017.
A greve dos caminhoneiros, que paralisou o abastecimento no País por 11 dias em maio, deve afetar os resultados da Pesquisa Mensal de Serviços no mês, segundo Rodrigo Lobo. "O setor que provavelmente vai sentir mais esse efeito é o setor de transportes, obviamente. Esse setor pesa 30% da pesquisa. O transporte rodoviário de carga pesa quase 10%, cerca de 9,5%, é o segundo maior, atrás apenas de telecomunicações. Então a pesquisa vai sentir sim algum reflexo", afirmou.
O pesquisador lembrou que o setor de transportes é justamente o que vem mostrando um comportamento mais positivo ao longo de 2017 e 2018. "Frequentemente é o setor que vem alavancando os resultados, seja trazendo os serviços para o território positivo no mês, seja evitando um desempenho mais negativo", observou Lobo.
O destaque ao longo dos meses tem sido o transporte de cargas em geral, puxado pelas atividades industrial e agropecuária. "É o principal modal brasileiro", resumiu Lobo.