Análises das Contas Nacionais incluem dados de 2000 a 2011, que até agora não foram divulgados porque havia outra metodologia (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2015 às 09h03.
Rio de Janeiro - O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga amanhã (11) os primeiros dados das Contas Nacionais, referentes aos anos de 2010 e 2011, analisados após a inclusão das recomendações do Manual Internacional de Contas Nacionais (SNA 2008), da Comissão Europeia, do Fundo Monetário Internacional, da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Banco Mundial, que devem ser adotadas pelos países até 2016.
Segundo o diretor de Pesquisas do IBGE, Roberto Olinto Ramos, as análises das Contas Nacionais incluem dados de 2000 a 2011, que até agora não foram divulgados porque havia outra metodologia.
Um dos impactos das mudanças é uma alteração no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB). “A gente tem algumas modificações que vão influenciar tanto a taxa de crescimento, quanto os valores nominais do PIB e de algumas atividades econômicas”, disse a gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Ela explicou que uma das principais mudanças no Manual Internacional é a modificação na classificação dos ativos fixos, o que influencia diretamente o investimento e, em cadeia, vai afetar a formação bruta do capital fixo, modificar a mensuração dos investimentos, e, por fim, a taxa de investimento.
O diretor de Pesquisas adiantou que o novo conceito também vai permitir a análise de informações sobre as famílias que estão incluídas no Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF). “O Imposto de Renda Pessoa Física é uma novidade, a que a gente conseguiu ter acesso, que muda um pouco as nossas análises. A gente tem uma fonte adicional de dados muito rica, muito completa, com alguns pré-requisitos de análise, melhorou muito”, disse Ramos, durante seminário promovido ontem (9) pelo IBGE para explicar as alterações aos jornalistas.
Ele explicou que na análise do IRPF será possível identificar a remuneração das famílias, o que as pessoas têm de poupança, de dividendos. Em relação ao patrimônio, poderá ser verificado no futuro. “São informações que só existem lá.
O Imposto de Renda, a gente começou a explorar e é uma fonte riquíssima do futuro. Não está completamente, explorada.
Conseguimos tirar todo o potencial do Imposto de Renda, mas o que a gente já conseguiu fazer é uma mudança pesada na possibilidade de olhar a economia. Primeiro, um olhar melhor sobre as famílias”, afirmou.
Para Ramos, raramente se tem uma mudança tão forte na forma de olhar a economia mundial. Ele explicou que a origem dos conceitos geralmente está ligada a questões práticas, determinadas em fóruns internacionais que definem um padrão.
“A ideia é que se estabeleça um padrão, a ser seguido por todos os países, para mudança no Manual de 2008. O que é um ativo financeiro, a formação bruta de capital. Uma série de produtos que eram considerados gastos são considerados financeiros. Agora, todo o gasto em prospecção, independentemente de seu resultado final, gera conhecimento e isso é um ativo e começou a ser considerado assim”.