Economia

Iata projeta primeira queda no lucro das aéreas em seis anos

Expectativa é de que o retorno sobre capital investido recue dos atuais 9,4 por cento para 7,9 por cento no próximo ano

Companhias aéreas: lucro líquido do setor recue 16 por cento no próximo ano (Peter Macdiarmid/Getty Images)

Companhias aéreas: lucro líquido do setor recue 16 por cento no próximo ano (Peter Macdiarmid/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 8 de dezembro de 2016 às 12h35.

Genebra - As empresas aéreas devem reportar lucros menores pela primeira vez em seis anos em 2017, com gastos maiores com combustível e obrigações trabalhistas em um cenário de demanda mais fraca, informou a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês).

A associação, que representa 265 companhias responsáveis por 83 por cento do tráfego aéreo global, prevê que o lucro líquido do setor recue 16 por cento no próximo ano, para 29,8 bilhões de dólares, devido principalmente à alta dos preços do petróleo.

Ainda segundo o órgão, as empresas aéreas norte-americanas devem responder por 18,1 bilhões de dólares do total projetado para 2017.

A Iata também cortou a projeção do lucro líquido deste ano para 35,6 bilhões de dólares, o que ainda significa uma máxima recorde, embora abaixo dos 39,4 bilhões de dólares estimados anteriormente.

A expectativa é de que o retorno sobre capital investido recue dos atuais 9,4 por cento para 7,9 por cento no próximo ano.

Ainda assim, o índice deve superar o custo de capital em 2017 pelo terceiro ano consecutivo.

Coletivamente, a primeira vez em que o setor conseguiu gerar retorno superior ao custo de capital foi em 2015.

Para Brian Pearce, economista-chefe da Iata, as empresas aéreas reconheceram a necessidade de gerar mais retorno aos investidores, com medidas para usar as aeronaves com mais frequência e maiores índices de ocupação para aumentar a lucratividade.

"Não se trata mais de participação de mercado, mas de como usamos nossos assentos e entregamos um bom retorno sobre o capital investido. É algo que ficará com a indústria e deve impulsionar o desempenho financeiro do setor", explicou Pearce.

Contratempos

Após dois anos de fortes resultados, as empresas aéreas se depararam com um cenário mais difícil na segunda metade de 2016. Ataques em aeroportos de populares destinos turísticos na África do Norte e na Europa afetaram a demanda por algumas rotas.

A corrida para aproveitar os preços mais baixos do petróleo, oferecer mais assentos e ganhar clientes também colocou os preços das passagens sob pressão, ameaçando as margens de lucro, especialmente dada a expectativa de recuperação das cotações da commodity.

O retorno médio das tarifas deve cair em quase 11 por cento neste ano, para 363 dólares, ante 407 dólares em 2015, segundo a associação. Em 2017, o valor das passagens deve encolher mais 3 por cento, para 351 dólares, de acordo com a Iata.

Além disso, despesas com encargos trabalhistas também subiram neste ano e devem crescer 1,3 por cento no próximo ano, enquanto a receita por unidade de capacidade seguirá pressionada, completou Pearce.

Na semana passada, a Delta Air Lines cortou a projeção de lucro após concordar com um reajuste salarial de 30 por cento para os pilotos até 2019.

No começo do ano, a United Continental concedeu 19 por cento de aumento. Na Europa, os pilotos da Lufthansa entraram em greve para reivindicar reajustes.

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