A Vale de Murilo Ferreira tem como maior acionista o fundo de pensão do Banco do Brasil, Previ, que compartilha o controle da empresa com Bradesco, a japonesa Mitsui e o BNDES (Divulgação/Vale)
Da Redação
Publicado em 30 de junho de 2011 às 11h53.
Rio de Janeiro - O presidente do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo Lopes, se disse preocupado com o avanço da Vale no setor siderúrgico por influência do governo.
Segundo ele, existe um grande excedente de produção de aço no mundo, cerca de 530 milhões de toneladas, e é preciso avaliar se haverá mercado para todos os projetos siderúrgicos da mineradora.
"Os novos projetos nos preocupam, porque há um indutor Vale, e aí você tem o governo atrás botando pressão para a empresa entrar no setor. Nada contra, desde que tenha um fundamento econômico e mercadológico", declarou Marco Polo Lopes a jornalistas durante evento do setor de carvão.
"No passado, tinha uma série de empresas batendo na porta da Vale (Baosteel, Dongkook, Tatastell, Corus) e aí veio a crise e já há muito excedente de produção. A Vale já está fazendo projetos sozinha como Alpa (PA) e Ubu (ES). Nossa preocupação é que não haja por uma decisão política de se colocar projetos que por si só são inviáveis", completou o executivo.
Após pressão do Planalto, a Vale, cujo maior acionista é o fundo de pensão do Banco do Brasil, Previ, que compartilha o controle da empresa com Bradesco, a japonesa Mitsui e o BNDES, retomou projetos siderúrgicos desacelerados pela crise.
Entre os projetos estavam a siderúrgica do Pará (Alpa), que será feita apenas pela a empresa; e a do Espírito Santo (Ubu), que antes tinha parceria da Baosteel, que saiu do projeto, e agora busca sócios. Outra prevista para o Ceará, com a coreana DongKuk, também foi confirmada. A empresa é sócia ainda da alemã Thyssen na Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), no Rio de Janeiro, que já está em operação.
Investimentos
Marco Polo informou que setor siderúrgico brasileiro como um todo deverá receber investimentos de mais de 54 bilhões de dólares até 2016. Ele afirmou que os investimentos devem elevar a capacidade produtiva do país de 44,6 para 72,2 milhões de toneladas ao ano.
Do montante investido, 30,7 bilhões de dólares seriam aplicados na expansão das plantas siderúrgicas já existentes e outros 23,4 bilhões de dólares em novos projetos O instituto estima que a capacidade produtiva será ampliada em 12,9 milhões de toneladas só com a expansão das fábricas existentes e 14,7 milhões de toneladas com os novos projetos.
A maioria das novas plantas vai utilizar o coque como matéria prima (92 por cento), enquanto que 68 por cento das unidades ampliadas vão consumir coque e 32 por cento usarão sucata e carvão vegetal como matéria prima.
"Nosso consumo per capita de aço no Brasil ainda é muito baixo, mas há indutores para crescer. A perspectiva é positiva para o setor com a expansão da economia, aumento da formação bruta de capital fixo de 19 para 22 por cento do PIB e há programas incentivados como PAC, Mina Casa Minha Vida, expansão da cadeia de petróleo e gás, além de Copa do Mundo e Olimpíadas", disse Marco Polo.
Apesar da perspectiva de investimentos maciços nos próximos anos, o executivo alerta para a necessidade de se levar à frente apenas os bons projetos, uma vez que ainda há uma capacidade ociosa e produção excedente no mundo.