Viktor Orban, primeiro-ministro da Hungria: a estimativa é que o país poderia necessitar de um empréstimo de entre 15 e 20 bilhões de euros (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2012 às 09h19.
Budapeste - O governo da Hungria manifestou nesta quinta-feira que está disposto a iniciar as negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia (UE) sobre um empréstimo para evitar um colapso da economia.
O ministro Tamás Fellegi, encarregado das negociações com o FMI, disse em entrevista coletiva que 'não é seguro' que o governo húngaro aceite todas as propostas, mas 'está disposto a negociar sobre todas'.
A Hungria se encontra sob forte pressão internacional por causa das emendas em sua Constituição, que segundo o FMI e a Comissão Europeia minguam a independência de seu Banco Central.
'Consideramos importante chegar a um acordo', disse o ministro em referência à necessidade de que a Hungria receba ajuda financeira do exterior que permitiria 'oferecer uma rede de segurança'.
O país ex-comunista, imerso em uma grave crise econômica, necessita refinanciar este ano quase 5 bilhões de euros, quando sua moeda, o forinte, está em valores mínimos históricos frente ao euro e os rendimentos de seus bônus a dez anos foram duplicados até acima de 11%.
A estimativa é que a Hungria poderia necessitar de um empréstimo de entre 15 e 20 bilhões de euros, por isso que Fellegi destacou nesta quinta-feira a importância de chegar a um acordo 'rapidamente'.
Após as declarações do ministro, a cotação do forinte sofreu uma nova desvalorização, até 324 unidades por euro, frente à abertura de 321 forintes por euro desta manhã.
Sobre a polêmica suscitada em torno do Banco Central, Fellegi disse que o Governo húngaro 'respeita sua independência'.
O ministro acrescentou que o vice-governador do banco emissor fará parte da delegação húngara que viajará para Washington no dia 11 de janeiro, para preparar as negociações com o FMI, já que o Governo buscará apoio no 'potencial de especialistas' dessa entidade.
O Banco Central Europeu criticou a lei húngara sobre o Banco Central, e embora tenha emendado o projeto em alguns pontos, a nomeação de novos vice-governadores e membros do Conselho Monetário da instituição por parte do Governo húngaro continua sendo uma fonte de críticas.
A Hungria é governada desde meados de 2010 pelo conservador e nacionalista partido Fidesz, que dispõe de uma maioria de dois terços no Parlamento.
Com estes poderes, o primeiro-ministro, Viktor Orbán, iniciou uma série de polêmicas reformas, que segundo seus críticos dentro e fora do país estão minguando a democracia.
A Comissão Europeia está inclusive estudando a possibilidade de ditar sanções contra a Hungria pela suposta violação do direito comunitário.
Entre suas medidas mais controversas graças a sua maioria de dois terços, o Fidesz modificou a Constituição, limitou os poderes do Tribunal Supremo e recortou a independência do banco central, além de impor a chamada 'lei mordaça' que limita a liberdade de expressão. EFE