O Capitólio, em Washington: milhares de funcionários públicos dos EUA saíram para trabalhar hoje sem saber se retornarão aos postos na terça (Nicholas Kamm/AFP)
Da Redação
Publicado em 30 de setembro de 2013 às 12h42.
Washington - Milhares de funcionários públicos dos Estados Unidos saíram para trabalhar nesta segunda-feira sem saber se retornarão aos postos na terça-feira, pois os congressistas têm até a meia-noite para chegar a um acordo sobre um orçamento provisório para evitar a paralisação parcial do Estado federal.
A maioria democrata no Senado retoma suas tarefas às 18h00 GMT (15h00 no horário de Brasília) e deve rejeitar o projeto de orçamento aprovado no domingo pela Câmara de Representantes, de maioria republicana.
As negociações voltam ao ponto de partida, a poucas horas do início do ano fiscal de 2014.
Para 46% dos americanos, um eventual fechamento parcial dos prédios públicos seria responsabilidade dos republicanos, enquanto para 36% a culpa seria do governo de Barack Obama, segundo uma pesquisa da CNN/ORC International divulgada nesta segunda-feira, com margem de erro de 3,5 pontos percentuais.
A proposta republicana "é uma extorsão, não um compromisso", declarou o senador democrata Charles Schumer nesta segunda-feira ao canal MSNBC.
"Não somos nós os que queremos fechar", afirmou a representante republicana Marsha Blackburn no canal CNBC.
Sem a alocação de novos créditos, as agências federais terão que colocar sob licença não remunerada mais de 800.000 funcionários não essenciais, reduzindo ao mínimo necessário o efetivo das administrações, algo que o presidente Barack Obama chamou de "automutilação" em seu discurso semanal no sábado.
Um eventual acordo para evitar a paralisia poderia ocorrer antes do prazo de meia-noite, mas poucos acreditam que isso é possível.
"Nós sabemos o que vai acontecer. (Segunda-feira) o Senado se reunirá em sessão. E a posição da Câmara (...) será rejeitada, e vamos enfrentar a perspectiva da paralisação do funcionamento do governo à meia-noite", declarou o senador Richard Durbin à CBS.
A Câmara de Representantes aprovou um projeto de orçamento de dois meses e meio, até 15 de dezembro, para negociar um orçamento para todo o ano fiscal de 2014.
Mas, sob pressão de representantes do Tea Party ultraconservadores, duas emendas foram adicionadas ao texto: adiar por um ano a implementação da reforma da saúde impulsionada por Obama, e eliminar um imposto sobre equipamentos médicos criado por essa reforma.
Uma provocação, de acordo com senadores democratas, que se recusam a mexer em uma das principais reformas do primeiro mandato de Obama.
Em abril de 2011, um confronto semelhante foi resolvido apenas uma hora antes do prazo com um acordo de financiamento do Estado no prazo de sete dias.
Diante da possibilidade de uma primeira paralisia do Estado federal, desde 1996, cada uma das partes tentou conquistar no domingo a batalha da opinião pública.
"O presidente é quem diz que fechará o Estado federal se não dermos tudo o que quer sobre o 'Obamacare'", disse o senador republicano Rand Paul, em referência à reforma da saúde.
"Para mim, isto revela a intransigência do presidente, que se nega a qualquer compromisso", completou.
"A estratégia de esticar a corda do presidente da Câmara (John) Boehner não busca evitar um fechamento do Estado federal, é apenas um subterfúgio para culpar os outros, mas isto não vai funcionar", disse o senador Schumer.