Economia

Harvey afetará economia dos EUA mas reconstrução ajudará expansão

Economistas estimam que o furacão reduzirá o ritmo anualizado de expansão do produto interno bruto do terceiro trimestre em 0,2 ponto percentual

Furacão Harvey: estimativas de danos do desastre variam de US$ 43 bilhões a US$ 100 bilhões (ADREES LATIF/Reuters)

Furacão Harvey: estimativas de danos do desastre variam de US$ 43 bilhões a US$ 100 bilhões (ADREES LATIF/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2017 às 11h27.

Última atualização em 30 de agosto de 2017 às 17h05.

Enquanto as águas continuam subindo e as estimativas de danos aumentam, os analistas acreditam que a economia dos EUA será pouco afetada pelo furacão Harvey neste trimestre e que os esforços de reconstrução provavelmente serão suficientes para estimular o crescimento no restante do ano.

Em uma pesquisa da Bloomberg com 17 economistas, realizada na segunda e na terça-feira, os entrevistados estimaram que a tempestade reduzirá o ritmo anualizado de expansão do produto interno bruto do terceiro trimestre em 0,2 ponto percentual, segundo a mediana das projeções.

Posteriormente, a reconstrução estimularia o crescimento na mesma proporção no quarto trimestre, estimaram.

Uma pesquisa mais ampla realizada antes da tempestade estimava um ritmo de crescimento de 2,5 por cento no terceiro trimestre e de 2,4 por cento de outubro a dezembro.

As respostas mostram consonância com pesquisas mais amplas sobre desastres naturais realizadas durante várias décadas em diversos países, que mostram um impacto relativamente neutro ao longo do tempo.

O dano econômico a curto prazo normalmente é pequeno em uma base nacional e muitas vezes é compensado por um impulso posterior do PIB, especialmente em grandes países desenvolvidos com sistemas robustos de resposta a emergências e níveis mais altos de seguro privado.

“Uma visão de longo prazo não mostra impacto na tendência do PIB”, disse Lynn Reaser, economista-chefe do Fermanian Business & Economic Institute da Universidade Nazarena de Point Loma, em San Diego, nos EUA.

As estimativas de danos do desastre variam de US$ 43 bilhões a US$ 100 bilhões e o número de pessoas afetadas pelas inundações -- que precisam de abrigo ou possivelmente se qualifiquem para a assistência federal por inundação -- totaliza quase meio milhão.

Empresas seguradas

As empresas americanas “tendem a estar entre as mais bem seguradas em todo o mundo e essa é uma das grandes razões pelas quais as economias regionais dos EUA, na média, respondem melhor e mais rapidamente a desastres naturais do que as de outros países”, disse Thomas Fullerton, professor de Economia da Universidade do Texas em El Paso.

Fullerton advertiu que existe um cenário em que o reflexo negativo na economia nacional pode persistir. “Se em vez de simples danos às reservas de capital houver uma destruição em grande escala de reservas de capital, isto pode realmente afetar a economia nacional”, disse ele.

Na pesquisa, os entrevistados mostraram tendência a minimizar a especulação de que a repentina demanda por mão de obra para reparação e reconstrução da área metropolitana de Houston terá um impacto ascendente significativo na inflação salarial nacionalmente, mesmo em um mercado de trabalho considerado apertado.

O desemprego nos EUA permaneceu em 4,3 por cento em julho, igualando o menor patamar dos últimos 16 anos. A taxa de desemprego no Texas no mês passado estava no mesmo nível, segundo dados do Escritório de Estatísticas do Trabalho dos EUA.

Brett Ryan, economista norte-americano do Deutsche Bank Securities em Nova York, disse que estudou dados salariais depois de outras tempestades catastróficas no país, entre elas o furacão Katrina, em 2005, e a Supertempestade Sandy, em 2012.

“Não vejo nada em relação aos salários dos setores de construção e serviços públicos”, disse Ryan. “Então, eu suspeito um pouco dessa lógica de que o mercado de trabalho apertado estimulará um aumento salarial em determinados setores.”

Acompanhe tudo sobre:Desastres naturaisEstados Unidos (EUA)FuracõesPIB

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto