Economia

Haddad: zerar déficit público em 2024 depende de interação com Legislativo e Judiciário

Ministro ainda trabalha para perseguir o objetivo, mas governo já debate alterar a meta para um déficit de 0,5% do PIB

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também afirmou que déficit de 2023 decorre de calotes dados pela gestão de Jair Bolsonaro (Marcelo Justo/Flickr)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também afirmou que déficit de 2023 decorre de calotes dados pela gestão de Jair Bolsonaro (Marcelo Justo/Flickr)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 29 de janeiro de 2024 às 19h41.

Última atualização em 29 de janeiro de 2024 às 19h56.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 29, que o resultado primário de 2024, que prevê zerar o déficit público, depende de uma interação do governo com o Legislativo e o Judiciário. Ele ainda afirmou que mais da metade do rombo nas contas públicas de 2023, que totalizou R$ 230,5 bilhões, decorreu de problemas criados pelo governo Jair Bolsonaro.

“O debate que está acontecendo neste momento é com o Congresso Nacional. Sempre digo a vocês uma coisa que é óbvia, mas tem de ser lembrada. A meta é estabelecida, de comum acordo, com o Congresso Nacional. Mas o resultado primário depende muito dessa boa interação com o Judiciário e com o Legislativo. Não somos o único poder da República. Dependemos do Judiciário e do Legislativo”, disse.

Segundo ele, o governo encaminhou ao Congresso a medida provisória (MP) para reonerar a folha de pagamentos diante do quadro apresentado pela Receita Federal e da desidratação de medidas encaminhadas para arrecadar R$ 168,7 bilhões extras para cumprir a meta de zerar o déficit. Haddad afirmou que essa proposta é um esforço adicional para garantir o objetivo determinado no orçamento.

Governo já debate mudar a meta

Haddad ainda mantém o objetivo de equilibrar as contas públicas em 2024, mas nos bastidores do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a discussão não é se a meta fiscal de zerar o déficit público será alterada. Técnicos da ala política e da equipe econômica afirmaram à EXAME que o debate interno é quando essa mudança deve ser anunciada, como será comunicada à sociedade e ao mercado, além do valor em que as despesas ultrapassarão as receitas.

As discussões iniciais partem de uma previsão de déficit de 0,5% do PIB, que poderia chegar a até 0,75% da geração de riquezas no país, com base na banda prevista no novo arcabouço fiscal. A decisão final caberá ao presidente da República e depende do envio ao Congresso de projeto para alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Déficit turbinado por despesas do governo anterior

Haddad também afirmou que o resultado primário de 2023, que totalizou um rombo de R$ 230,5 bilhões, foi impulsionado por um pagamento de R$ 92,4 bilhões em precatórios e outros R$ 14,8 bilhões de compensações para estados decorrentes das perdas de arrecadação com o ICMS de combustíveis. Segundo ele, sem essa conta herdada da gestão anterior, o déficit ficaria próximo dos R$ 100 bilhões prometidos por ele em janeiro.

"Esse resultado é a expressão de uma decisão que o governo tomou de pagar o calote que foi dado tanto em precatórios quanto nos  governadores em relação ao ICMS sobre combustíveis. Desses R$ 230 bilhões, praticamente a metade disso é pagamento de dívida do governo anterior que poderia ser prorrogada para 2027 e que nós achamos que não era justo com quem quer fosse o presidente na ocasião", disse.

Acompanhe tudo sobre:Ministério da FazendaFernando HaddadDéficit público

Mais de Economia

Subsídios na China fazem vendas de eletrônicos crescer até 400% no ano novo lunar

Conta de luz não deve ter taxa extra em 2025 se previsão de chuvas se confirmar, diz Aneel

Após receber notificação da AGU, TikTok remove vídeo falso de Haddad

Governo pode perder até R$ 106 bi com renegociação de dívida dos estados, estima Tesouro Nacional