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Haddad vê descompasso nas expectativas sobre decisões dos Bancos Centrais globais em torno dos juros

Além de estimativas frustradas, ministro diz que comunicação do BC americano levou analistas a vislumbrar possibilidade de subida na taxa básica americana

Agência o Globo
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Publicado em 17 de setembro de 2024 às 06h57.

Última atualização em 17 de setembro de 2024 às 06h57.

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que houve um descompasso dos bancos centrais ao redor do mundo. Havia um entendimento comum, com o qual o ministro pessoalmente concordava, de que o Banco Central dos Estados Unidos (Fed) começaria a reduzir os juros em junho, o que não aconteceu. Ele falou sobre o tema durante sua participação na abertura do evento Valor 1000, do jornal Valor Econômico.

Além das estimativas não terem se concretizado, a comunicação do Fed levou analistas de mercado na direção contrária, fazendo com que muitos deles vislumbrassem a possibilidade de subida na taxa básica americana.

Fora o descompasso de expectativas em relação à política monetária dos Estados Unidos, Haddad disse que o governo também ‘não ajudou’ e ‘começou a falar coisas’ que minavam o discurso que vinha sendo construído, fora declarações de membros do Banco Central que contradiziam o que a autoridade tinha como guidance.

"Depois que passou o medo da subida, veio a incerteza do corte, que agora está se dissipando. E nesse meio tempo ainda vem o banco do Japão e sobe o juro depois de muitas décadas. E depois, lá nos Estados Unidos, declarações contraditórias da nossa diretoria do BC em relação ao próprio guidance, que tinha sido estabelecido no comunicado de março. Então, isso complicou um pouco junto. Teve uma série de desancoragens. O governo não ajudou. O governo também começou a falar coisas que contraditaram o próprio discurso que estava sendo construído".

E continuou:

"[...] Nós também erramos. Às vezes os erros são nossos. Mas é de fato o que está acontecendo: os juros vão cair fora. Está havendo uma desaceleração da economia mundial. Então vai haver corte de juros. A China, provavelmente, que está desacelerando forte, vai ter um pacote de estímulo. O Japão, que estava ameaçando aumentar os juros sem parar, já disse que não vai aumentar mais [...] Essas considerações que o Banco Central vai ter que levar em conta para tomar uma decisão".

Já se encaminhando para o final da sua fala, Haddad disse que, durante o governo passado, foi aprovada uma emenda constitucional que estabeleceu o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Esse fundo, no entanto, nunca foi integralizado:

"Nós saímos de R$ 22 bilhões em 2022. O orçamento, no ano que vem, prevê R$ 56 bilhões e não terminou a capitalização contratada no governo anterior, que vai chegar possivelmente a R$ 70 bilhões em 2026 ou 2027. Essa é a projeção do planejamento. Então, às vezes a pessoa fala, qual o gasto? São gastos contratados já, já foi contratado. [...] Quando eu saí, em 2012, ele (o Fundeb) estava 100% integralizado. Não é o que está acontecendo com o Camilo. O Camilo herdou um Fundeb que não tinha sido integralizado. Como é que faz para pagar essa conta da educação?".

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