(Andressa Anholete/Getty Images)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 27 de agosto de 2024 às 19h08.
Última atualização em 27 de agosto de 2024 às 19h15.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira, 27, que a indicação do nome que deve assumir a presidência do Banco Central deve acontecer “em breve” para que ocorra uma transição tranquila na instituição.
“Após conversar com o Roberto Campos Neto no início deste ano, houve um entendimento de que entre agosto e setembro seria uma boa data para a indicação”, disse Haddad durante painel sobre a economia brasileira na 25ª Conferência Anual do Santander.
O ministro mencionou que a sugestão da data foi levada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, segundo Haddad, está com a “informação fresca na cabeça”.
“O anúncio deve ocorrer em breve. Não posso dar a data, porque essa é uma atribuição do presidente, mas acredito que ele vai apreciar o entendimento”, afirmou o titular da Fazenda.
A ideia é que a indicação antecipada dê tempo para o Senado sabatinar e votar o nome, de forma que não atrapalhe a transição no BC. O favorito para assumir o Banco Central é o atual diretor de política monetária, Gabriel Galípolo.
O cotado tem adotado um tom mais duro em relação a política monetária, sinalizando em mais de uma oportunidade que o Banco Central irá elevar os juros se entender que é necessário para atingir a meta de inflação.
Como mostrou à EXAME, a queda no preço do dólar e a redução das expectativas de inflação para 2025 nas últimas semanas decorreram da precificação pelo mercado de que os juros subirão na próxima reunião do Copom.
No evento, Haddad afirmou que as medidas de ajustes fiscais realizadas pelo governo permitem um horizonte mais benéfico de médio e longo prazos para a taxa de juros.
“Ainda temos contas a pagar que foram herdadas, mas estou confiante em melhora fiscal”, disse.
O ministro comentou ainda que o IPCA-15, a prévia da inflação, saiu dentro do esperado e que não vê “pressão inflacionárias”.
Haddad disse ainda que é uma pessoa otimista com o Brasil e acredita que o país pode entrar em um ciclo de crescimento sustentável, com um horizonte positivo para investidores. Ele afirmou que o governo caminha para cumprir a meta fiscal de 2024.
“Esse esforço de segundo semestre vai nos permitir cumprir a meta de 2024 e vamos conseguir alcançar o resultado dentro da banda neste ano”, disse. “O ano passado foi atípico, pois tínhamos o deficit de 2023 e o carrego de 2022 para 2023, em função do calote dos precatórios, fila do INSS e uma serie de programas atrasados”, acrescentou.
Sobre a peça orçamentária de 2025, que será entregue pelo governo até o fim de agosto, o ministro disse que está mais ajustada com o que vai acontecer com a economia brasileira.
”Essa peça me deixa mais tranquilo que a do ano passado”, disse. “Ainda que reconheça que seja desafiador, meu compromisso é virar a página da década anterior, que teve déficits muitos expressivos”, concluiu.