Haddad: corte de gastos depende de autorização de Lula para anúncio (Ton Molina/NurPhoto/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 13 de novembro de 2024 às 17h58.
O ministro Fernando Haddad declarou que a pasta da Fazenda está pronta para anunciar as medidas de corte de gastos assim que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizar.
“Não sei se há tempo hábil para anunciar (essa semana). Mas assim que ele der autorização, estamos prontos para dar publicidade aos detalhes do que está sendo discutido”, afirmou o ministro, mencionando que ainda tem uma reunião com Lula nesta quarta, 13.
Haddad também destacou que os comandantes militares disponibilizaram técnicos ao Tesouro Nacional para colaborar na discussão do pacote de cortes de gastos.
“Os técnicos já estão reunidos aqui com o Tesouro para discutir algumas ideias dentro do cronograma estabelecido pelo presidente Lula”, comentou. “Vamos ver se conseguimos em tempo hábil incluir mais algumas medidas no conjunto daquelas que já estão pactuadas com os ministérios.”
Questionado sobre possíveis medidas de receita, como tributação de super-ricos ou cortes de subsídios, Haddad comentou que “a programação é o fortalecimento do arcabouço” fiscal no momento.
“Os subsídios vão continuar sendo enfrentados, mas, nesse conjunto de medidas, estamos tratando a parte do gasto”, disse Haddad. O ministro reforçou que o objetivo das medidas é garantir sustentabilidade fiscal no médio e longo prazo, e que o foco não é exclusivamente 2025 e 2026, mas a solidez das contas públicas ao longo dos anos.
“As linhas gerais das medidas foram apresentadas sem detalhes ao presidente da Câmara, Arthur Lira”, afirmou Haddad. “Ele conhece o arcabouço fiscal e vai fazer todo o esforço necessário.” Segundo o ministro, Lira compreende que “se não conseguirmos colocar todas as despesas dentro da mesma lógica, não dá para sustentar ao longo do tempo”.
Haddad também destacou que o governo está “preocupado em estabelecer regras sustentáveis que tenham vigência longa” para alcançar o equilíbrio fiscal.
Haddad reuniu-se ainda nesta quarta-feira com os comandantes das Forças Armadas e com o ministro da Defesa, José Múcio, para discutir ajustes de gastos na Defesa. Técnicos já estão calculando os detalhes do pacote de cortes que deve incluir alterações na previdência militar, como o fim da pensão vitalícia para filhas solteiras. Outro ponto em discussão é a transição de pensões para auxílio-reclusão via INSS.
O governo também está analisando possíveis ajustes no Benefício de Prestação Continuada (BPC), com novas regras para adesão e manutenção. Propostas incluem prova de vida anual, reconhecimento facial e biometria, visando garantir que apenas beneficiários elegíveis permaneçam no programa. Em 2024, o custo do BPC está estimado em R$ 118 bilhões.
Apesar de ainda não haver uma previsão para o anúncio oficial das medidas, interlocutores de Lula sugerem que a palavra “corte” seja evitada, substituindo-a por “ajustes”. Alterações nos cálculos dos pisos de Saúde e Educação também seguem na pauta do presidente como medidas prováveis.