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Haddad diz acreditar que dólar 'em patamar adequado' vai ajudar a reduzir preços

Ministro da Fazenda diz que governo tem adotado medidas para que cotação da moeda recue após ultrapassar a casa dos R$ 6

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Publicado em 7 de fevereiro de 2025 às 10h47.

Última atualização em 7 de fevereiro de 2025 às 10h52.

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira, 7, acreditar que o dólar deve chegar a um "patamar adequado", o que vai ajudar a reduzir preço da inflação "nas próximas semanas". Haddad ainda criticou a política fiscal conduzida pelo Banco Central (BC), que elevou a taxa básica de juros, a Selic, para 13,25% ao ano.

Segundo ele, a cotação da moeda americana, que passou dos R$ 6 no fim do mês passado, mas recuou e ontem encerrou em R$ 5,76, menor patamar desde novembro, tem influência direta nos preços de produtos no país.

"Quando o produtor está recebendo mais em reais em virtude do dólar ter e apreciado, isso acaba tendo impacto nos preços internos, então a política que nós estamos adotando para trazer esse dólar em um patamar adequado também vai ter reflexos no preços nas próximas semanas", disse o ministro em entrevista à Rádio Manhã Cidade, de Caruaru, nesta sexta-feira.

Haddad também criticou a subida a alta de juros conduzida pelo BC, que elevou taxa Selic em 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano em janeiro. Para o ministro, a política fiscal é deve ser tratada como um "remédio", que precisa ser aplicado na hora e dose correta.

"Se você está tendo um repique inflacionário, você precisa corrigir. O remédio para corrigir a inflação é aumentar a taxa de juros para inibir a alta de preços. Mas tudo isso precisa ser feito da maneira correta, na dose certa, que nem antibiótico, você não pode tomar a cartela inteira em um dia, nem pular horário ou tomar menos, ou mais do que você precisa. Então a política monetária tem que ter muita sabedoria para você conduzir, você não pode deixar problemas e crescimento da economia, não pode jogar o país numa recessão", afirmou o ministro.

Além dos alimentos, o ministro afirmou que uma redução na cotação do dólar também fará com que os preços dos combustíveis "voltem ao normal".

"Com o dólar voltando ao normal depois da eleição do Trump, você pode observar que teve uma disparada do dólar, e a gente importa gasolina e diesel, e isso tem reflexo no preço".

Os preços da gasolina e diesel aumentaram a partir do último sábado, 1º de fevereiro. A alta foi provocada em todo o Brasil por causa de uma mudança na forma de calcular o imposto estadual, o ICMS, que incide sobre o valor do litro e aumenta o que é cobrado do motorista no visor das bombas.

Medidas contra inflação

Prioridade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo ainda estuda quais medidas serão tomadas para baratear os alimentos. Algumas ações, no entanto, já foram anunciadas por ministros.

Ao final de janeiro, o ministro da Casa Civil, Rui Costa disse que o governo vai reduzir o imposto de importação de alimentos que estiverem com o preço mais alto no Brasil do que no exterior.

"Se os preços desses produtos no mercado internacional estiverem mais baixos do que no mercado nacional, isso será rapidamente analisado e a alíquota de importação desses produtos será reduzida. Ou seja, os produtos que estejam com o preço interno maior do que o preço externo, nós atuaremos na redução de alíquota para forçar o preço a vir pelo menos para o patamar internacional", disse Costa.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também citou que a regulamentação de mecanismos para aumentar a competição em cartões de refeição e alimentação podem ajudar a baratear os preços para o consumidor. Hoje, as taxas cobradas no VR e no VT são elevadas e pesam sobre os lojistas. Mas a regulamentação do tema está travada há mais de dois anos, com uma queda de braço entre a Fazenda e o Banco Central sobre quem deve tratar do assunto.

Estratégia de comunicação

Na segunda-feira da semana passada, a pesquisa Genial/Quaest mostrou que o índice de aprovação ao governo Lula recuou cinco pontos, de 52% para 47%, e ficou pela primeira vez atrás do percentual dos que reprovam a atual gestão. Segundo o levantamento, 49% agora dizem desaprovar o presidente, dois pontos a mais do que o índice dos que aprovam.

O governo vê o aumento do preço dos alimentos e a crise envolvendo o PIX como os principais responsáveis pelo tombo na aprovação da gestão. O Planalto aposta na mudança da comunicação, com a substituição do petista Paulo Pimenta pelo publicitário Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação Social (Secom), para reverter o quadro.

Sidônio assumiu um dia antes de o governo decidir recuar na portaria do Pix, em 14 de janeiro, com o compromisso de intensificar a atuação do governo nas redes sociais, de olho no enfrentamento ao bolsonarismo e à disseminação de fake news. Ele defende que mentiras e desinformações têm criado uma "cortina de fumaça" que impede que as ações da gestão cheguem à população brasileira, e que a gestão precisa saber se antecipar a isso.

Na entrevista desta sexta, o ministro Fernando Haddad adotou uma postura de contrapôr os dados apresentados pela economia brasileira atualmente com os que foram registrados durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

"Em quanto estava a taxa de desemprego dois anos atrás. Em quanto estava a taxa de inflação dois anos atrás? Quando estava o salário mínimo dois anos atrás? Não estou pedindo para lembrar coisas de dez, quinze anos atrás. Estou pedindo para lembrar de coisas de dois anos atrás. Obviamente que estou reconhecendo, o PT é o primeiro a reconhecer, que temos muito a fazer, muito a recuperar do que foi destruído, estamos trabalhando dia e noite para isso", disse o ministro.

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