Ministro Fernando Haddad na Fiesp (Rovena Rosa/Agência Brasil)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 10 de março de 2023 às 15h04.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta sexta-feira, 10, que fechou um acordo com os governadores sobre a compensação pelas perdas arrecadatórias decorrentes das mudanças no ICMS promovidas em 2022.
O governo federal se comprometeu a compensar os estados em R$ 26,9 bilhões, valor que será pago em parcelas ao longo dos próximos anos ou descontado de dívidas dos estados com a União.
O acordo será levado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso. "Estamos chegando a um consenso entre 27 governadores e a União", afirmou Haddad, em pronunciamento à imprensa. "Não ia terminar março sem essa pendência resolvida", disse.
Segundo o ministro, o acordo não afeta as projeções econômicas do governo federal anunciadas em janeiro desde ano.
O impacto será diluído ao longo dos próximos anos, até 2026. Em 2023, serão pagos R$ 4 bilhões. O valor poderá ser transferido diretamente pela União aos estados ou abatido de parcelas de dívidas dos entes com o governo federal.
Haddad afirmou que, do total acordado, cerca de R$ 9 bilhões já foram compensados através de liminares concedidas pelo STF a estados devedores da União no grupo de trabalho criado pela Corte para discutir o assunto. São Paulo e Piauí estão nessa lista.
As regras acordadas entre o Ministério da Fazenda e os governadores para a recomposição das perdas são as seguintes:
Em junho do ano passado, por iniciativa do governo Bolsonaro, o Congresso aprovou um projeto que reduzia o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações, com o objetivo de segurar aumentos de preços. O texto estabeleceu que a alíquota não poderia ultrapassar 17% ou 18%, dependendo do estado.
O governo atual se comprometeu com a recomposição das receitas perdidas, mas faltava chegar a um consenso sobre os valores devidos aos estados. Os governadores calculavam algo em torno de R$ 45 bilhões, enquanto Ministério da Fazenda estimava um impacto de R$ 22 bilhões.
O assunto chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), que criou um grupo de trabalho para tratar da recomposição. Em 28 de fevereiro, Haddad se reuniu com o ministro Alexandre de Moraes para discutir a melhor forma de resolver o impasse.
Em 14 de fevereiro, governadores se encontraram com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para tratar do assunto. Na saída, disseram que a expectativa era de resolução até março, logo depois do carnaval, para que as medidas possam ser aprovadas pelo Congresso no primeiro semestre do ano.