Economia

Haddad afirma que não há data para anúncio de corte de gastos e que decisão é de Lula

O ministro da Fazenda também negou que medidas reduzirão despesas em até R$ 50 bilhões e que número será divulgado somente depois da decisão do presidente da República

Haddad ainda informou que voltará a se reunir com Lula nesta quarta-feira, 30, para tratar das medidas de corte de despesas públicas. (Leandro Fonseca/Exame)

Haddad ainda informou que voltará a se reunir com Lula nesta quarta-feira, 30, para tratar das medidas de corte de despesas públicas. (Leandro Fonseca/Exame)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 29 de outubro de 2024 às 16h44.

Última atualização em 30 de outubro de 2024 às 12h37.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira, 29, que ainda não há uma data definida para o anúncio das medidas da equipe econômica para a redução dos gastos do governo. Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomará essa decisão e a área técnica tem apresentado números solicitados pelo chefe do Executivo.

"Ele [Lula] está pedindo as informações e estamos fornecendo as informações que ele está pedindo. Não tem uma data [para anunciar as medidas], ele que vai definir. Estamos avançando nas conversas, falando com o Planejamento também. Estamos fazendo as contas para ele para fazer uma coisa ajustadinha", disse Haddad.

O ministro também negou que as medidas para reduzir os gastos do governo trarão uma economia de até R$ 50 bilhões. Segundo ele, as projeções serão apresentadas somente depois que Lula decidir que propostas serão apresentadas para diminuir as despesas.

"Não sei de onde saiu esse número. Eu nunca divulguei um número para vocês. Números são divulgados somente depois da decisão tomada", disse.

Haddad ainda informou que voltará a se reunir com Lula nesta quarta-feira, 30, para tratar do tema.

Lula teme os efeitos políticos do corte de gastos

Lula tem resistido à ideia de alterar as regras para a concessão de benefícios previdenciários, trabalhistas e assistenciais, com medo dos impactos eleitorais em 2026.

O cálculo de Lula é eminentemente político e considera, sobretudo, os impactos que uma mudança nas regras para concessão dos benefícios pode ter na popularidade e nos votos do chefe do Executivo no Norte e no Nordeste.

As duas regiões concentram parte significativa do eleitorado do petista e essas populações estão entre as maiores beneficiárias dos programas sociais e de amparo ao trabalhador.

Por outro lado, Haddad e a ministra do do Planejamento, Simone Tebet, têm defendido nas conversas com Lula que um corte de despesas significativo e bem comunicado ainda em 2024, e aprovado no primeiro semestre de 2025, terá impacto econômico significativo em 2026, com dividendos positivos em ano de eleição, afirmaram à EXAME técnicos da equipe econômica.

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