Gustavo Franco: para economista, governo Bolsonaro sinaliza a transição profunda desde o governo Lula (Germano Lüders/Exame)
Estadão Conteúdo
Publicado em 1 de abril de 2019 às 10h43.
São Paulo — O economista Gustavo Franco, sócio da gestora Rio Bravo e ex-presidente do Banco Central (BC), avalia que a reforma da Previdência conta com "ambiente favorável inédito" na opinião pública favorável ao assunto e há "indicativos muito bons" de que as medida serão aprovadas.
"Minha impressão é que a economia fiscal vai ficar mais perto do texto original", disse ao Broadcast nesta segunda-feira, 1º, ao participar de evento realizado na sede do jornal O Estado de S.Paulo para discutir as operações Lava Jato e Mãos Limpas.
"A ideia de desidratação soa como uma derrota do projeto e isso não pode acontecer", afirmou o ex-presidente do BC. O texto original prevê economia fiscal em 10 anos de R$ 1,1 trilhão. Para Franco, uma eventual tramitação em paralelo no Congresso da Previdência com o pacote anticorrupção do ministro da Justiça Sergio Moro, também presente no evento, não deve atrapalhar a aprovação da Previdência, pois são temas diferentes, uma de economia e outra de segurança. O complicado seria se fossem dois temas polêmicos da mesma área.
Para Franco, em razão da complexidade da reforma da Previdência, é natural que o projeto precise de tempo. "O texto é grande, complexo. A discussão no âmbito do Congresso é longa", disse ele, ressaltando que o ambiente favorável hoje para o tema é diferente de outros momentos no passado quando se tentou fazer uma reforma da Previdência e as condições eram mais adversas.
"Há indicações muito boas de aprovação." A prioridade do ministro da Economia, Paulo Guedes, na reforma da Previdência é acertada, avalia Franco. "É muito difícil ser diferente. É o primeiro assunto que tem que ser colocado."
Perguntado sobre os três primeiros meses de governo de Jair Bolsonaro, Gustavo Franco ressaltou que a transição de governo de Michel Temer para Bolsonaro é uma mudança importante de governo, com paralelo em outras como a do governo de Fernando Henrique para o de Luiz Inácio Lula da Silva.
"Não deixa de ser uma mudança paradigmática que atinge todas as estruturas de governo, possivelmente o jeito de governo, o jeito de os Poderes se relacionarem", afirmou o economista. "Essas coisas nunca estão prontas. Tem experimentos, tem adaptações", finalizou.