Economia

Guerra comercial de Trump será protagonista na cúpula dos Brics

Em junho, os países membros haviam denunciado em junho o protecionismo dos Estados Unidos, que afeta o crescimento mundial

As negociações entre dirigentes sobre o comércio são muito importantes para coordenar nossas posições, disse o ministro russo (Siphiwe Sibeko/Reuters)

As negociações entre dirigentes sobre o comércio são muito importantes para coordenar nossas posições, disse o ministro russo (Siphiwe Sibeko/Reuters)

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AFP

Publicado em 24 de julho de 2018 às 15h09.

A "guerra comercial" iniciada por Donald Trump deve monopolizar os debates da cúpula anual dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul), que acontece de quarta a sexta-feira em Johannesburgo.

Antes dessa reunião, as potências emergentes haviam denunciado em junho o "protecionismo" dos Estados Unidos, que "afeta o crescimento mundial".

Oficialmente, esta 10ª cúpula, com participação dos presidentes russo, Vladimir Putin; chinês, Xi Jinping; sul-africano, Cyril Ramaphosa, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi; e Michel Temer debaterá sobre a "Colaboração para o crescimento inclusivo e uma prosperidade compartilhada".

Para o ministro da Economia russo, Maxime Orechkine, "a especificidade da cúpula" de Johannesburgo é o contexto em que ela acontece.

"Estamos em um momento em que os Estados Unidos e a China anunciam quase toda semana novas medidas. É uma guerra comercial", acrescentou.

"As negociações entre dirigentes sobre o comércio são muito importantes para coordenar nossas posições", disse.

Nos últimos meses, o presidente amerciano, Donald Trump, declarou guerra a seus principais rivais comerciais, China, União Europeia (UE) e Rússia, que chamou de "inimigos".

Depois de aplicar tarifas aduaneiras sobre o aço e o alumínio especialmente procedentes da China, os Estados Unidos ameaçam agora impor tarifas sobre as importações de automóveis europeus, sancionar os países que comercializam com o Irã e impor taxas punitivamente a todas as importações chinesas.

Os Estados Unidos registraram em 2017 um déficit comercial de 376 bilhões de dólares com a China.

A China denunciou, em resposta aos Estados Unidos, "a pior guerra comercial da história", e respondeu impondo tarifas sobre produtos americanos.

Nesse contexto, a China defendeu recentemente o reforço da cooperação entre os Brics.

Iniciado em 2009, este fórum, cujos participantes representam mais de 40% da população mundial, tenta reequilibrar as regras econômicas escritas pelos ocidentais.

"Neste ano, a cúpula de Johannesburgo tem uma importância particular no que concerne à cooperação dos Brics, considerando as novas circunstâncias", disse Xi Jinping nesta terça-feira durante uma visita de Estado à África do Sul.

Aproximação

Esta estratégia facilitará uma resposta aos "desafios colocados pela política de alguns países desenvolvidos", disse o ministro adjunto das Relações Exteriores chinês, Zhang Jun, referindo-se aos Estados Unidos, sem, contudo, citar o país.

O conflito comercial entre Estados Unidos e seus parceiros ameaça "em curto prazo" o crescimento mundial, advertiu na semana passada o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Isso afeta especialmente "a todos os membros dos Brics, que agora têm um maior interesse coletivo em promover o comércio entre seus países", confirma Sreeram Chaulia, decano da escola de relações internacionais de Jinda na Índia.

Este especialista cita como exemplo a resposta da UE, que assinou em represália à política americana um acordo de livre-comércio preferencial com o Japão.

"Os acordos comerciais multilaterais no marco de associações de países como os Brics se tornaram cada vez mais importantes considerando-se as barreiras comerciais egoístas e ao final, de curto prazo, aplicadas pelos Estados Unidos", avaliou Kenneth Creamer, economista da Universidade sul-africana de Witwatersrand.

A Rússia, por sua vez, vê nesta guerra comercial uma boa razão para desenvolver o comércio com divisas nacionais entre países dos Brics.

"Em todos os países dos Brics se compreende cada vez mais que é necesario orientar-se ativamente" a intercâmbios à margem do dólar, ressaltou Maxime Orechkine.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan também é esperado na África do Sul.

A Turquia não pertence ao grupo dos cinco países emergentes dos Brics, mas é convidada para a cúpula de Johannesburgo como presidente da Organização de Cooperação Islâmica (OCI).

Erdogan, apoio dos rebeldes sírios, aproveitará a assistência para se encontrar com Putin, aliado do regime de Bashar al Assad.

O presidente chinês Xi, em viagem pela África, se encontrará com o sul-africano Ramaphosa no contexto de uma visita de Estado bilateral.

 

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