Economia

Guerra acelera reajustes de preços dos alimentos nas prateleiras

Os preços ao consumidor da farinha de trigo, do macarrão, dos biscoitos e até do óleo de soja tiveram forte alta no início do mês, superando de longe reajustes de fevereiro

Preços: O levantamento mostra que, entre 1.º a 12 fevereiro, antes da guerra, que começou no dia 24, os preços desses itens tiveram aumentos bem mais moderados ante igual período de janeiro (Ricardo Moraes/Reuters)

Preços: O levantamento mostra que, entre 1.º a 12 fevereiro, antes da guerra, que começou no dia 24, os preços desses itens tiveram aumentos bem mais moderados ante igual período de janeiro (Ricardo Moraes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de março de 2022 às 12h43.

Última atualização em 21 de março de 2022 às 12h50.

Os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia, que respondem por 30% das exportações mundiais de trigo, começam a chegar às prateleiras dos supermercados. Os preços ao consumidor da farinha de trigo, do macarrão, dos biscoitos e até do óleo de soja tiveram forte alta no início do mês, superando de longe reajustes de fevereiro.

Entre 1.º e 12 de março, nos supermercados, a farinha de trigo ficou, em média, 4,46% mais cara, o preço do macarrão com ovos subiu 4,24%, o de biscoitos, 2,62% e o do óleo de soja, 5,79%, em comparação com igual período de fevereiro, aponta um levantamento feito, a pedido do jornal O Estado de S. Paulo, pela startup Varejo 360.

Especializada em pesquisa de mercado, a empresa coletou os preços desses itens nos tíquetes de compra de 150 mil clientes de supermercados no Estado de São Paulo.

O levantamento mostra que, entre 1.º a 12 fevereiro, antes da guerra, que começou no dia 24, os preços desses itens tiveram aumentos bem mais moderados ante igual período de janeiro. A farinha de trigo, por exemplo, tinha subido 0,24%, os biscoitos, 1,64%, e o óleo de soja, 1,46%. E o macarrão com até ficou 0,97% mais barato.

"Muito provavelmente os aumentos mais acentuados em março devem ser reflexo da disparada do trigo por causa da guerra", afirma Fernando Faro, sócio da consultoria e responsável pelo levantamento.

Nos últimos 30 dias, até a última quinta-feira, o preço da tonelada de trigo subiu quase 20% no Rio Grande do Sul e beirou R$ 2 mil, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Faro observa que a maior parte dos reajustes de preços feitos pelos varejistas se concentrou no sábado, 12 de março. E sábado geralmente é o dia da semana no qual os supermercados costumam ser mais agressivos nas promoções. Isso pode indicar, segundo ele, que a pressão de custos das matérias-primas pesa mais neste momento do que a estratégia para alavancar as vendas.

Agravamento do aumento de preços

Os aumentos são confirmados pelos supermercados. Fábio Queiróz, presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro, conta que pães, biscoitos e todos os derivados de trigo e soja - grão que é um substituto do trigo - estão sendo comprados pelos supermercados com preços mais altos. "O quadro se agravou com o início da guerra."

Os supermercadistas, conta, brigam por centavos nas negociações com fornecedores para reduzir repasses para o preço ao consumidor. Os aumentos ficarão mais visíveis ao consumidor nesta semana.

Em São Paulo, executivos do setor relataram à Associação Paulista de Supermercados aumentos da farinha de trigo da ordem de 15% na primeira quinzena do mês, com indicações de novos reajustes. No caso do óleo de soja, a majoração do preço teria sido de 20%.

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