Economia

Guedes pode zerar imposto de importação de produtos com preços 'abusivos'

Na semana passada, o governo anunciou a redução em 10% das tarifas de cerca de 87% dos itens importados sujeitos à tributação para combater inflação

Ministro da Economia, Paulo Guedes (EDU ANDRADE/Ascom/ME/Flickr)

Ministro da Economia, Paulo Guedes (EDU ANDRADE/Ascom/ME/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 11 de novembro de 2021 às 20h56.

Última atualização em 11 de novembro de 2021 às 21h16.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira que o governo pode zerar a tarifa de importação de produtos de “um ou dois setores” em que estaria havendo reajuste “abusivo” de preços.

O objetivo seria controlar a inflação, que já passa dos dois dígitos no acumulado em 12 meses.

Na semana passada, o governo anunciou a redução em 10% das tarifas de importação de cerca de 87% dos itens sujeitos ao imposto de importação, exceto os já abrangidos pelo Mercosul. A medida será válida até 31 de dezembro de 2022.

— Conseguimos baixar 10% (a tarifa de importação), foi uma luta difícil. Podemos aprofundar, pegar alguns itens (em que) particularmente está havendo abuso de reajuste de preço e baixar. Estou tentando sempre fazer tecnicamente o mais correto, uniforme para todos. Mas, de repente, pega um ou dois setores que estão abusivos e você pode zerar a tarifa — disse Guedes em evento promovido por um banco, em São Paulo.

No entanto, o ministro ponderou que a medida pode gerar um "problema político" e perder votos no Congresso. Guedes não citou nenhum setor específico.

— Mas tem sempre problema político, vai perder 50 votos na reforma tal. Congressistas representam interesses e você tem que conviver com isso, mas é parte da solução para acelerar o ritmo de abertura (comercial) — disse.

Na quarta-feira, o IBGE divulgou que a inflação oficial do país, medida pelo IPCA, foi de 1,25% em outubro, a maior para o mês em 19 anos. O índice acumula alta de 10,67% nos últimos 12 meses, acima do registrado nos 12 meses imediatamente anteriores (10,25%). Trata-se do maior percentual para um intervalo de 1 ano desde janeiro de 2016 (10,71%).

Segundo Guedes, a interrupção das cadeias produtivas no mundo encarecerá em até 30% os insumos vindos da China, o que deve pressionar ainda mais a inflação, em todo o mundo.

— A interrupção das cadeias produtivas atinge todos. Daqui a pouco começa a chegar insumos com 10%, 20%, 30% de aumento, porque eles (China) estão com problemas lá — disse Guedes.

O ministro admitiu que a escalada da inflação deve levar a uma desaceleração da economia no curto prazo, mas disse acreditar que a economia vai crescer 3,5% ou 4% em 2022.

— Deve haver desaceleração, é normal, juros sobem um pouco no combate à inflação. Mas estamos falando de desaceleração de uma retomada (econômica). Acredito que o Brasil pode crescer 3,5%, 4%, velocidade de cruzeiro se tivermos sequência desobstruída —disse o ministro.

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