Economia

Guedes é interrompido por general Ramos ao falar sobre impostos

O ministro falava sobre "impostos alternativos" em coletiva com repórteres quando foi interrompido e levado para longe dos microfones

Paulo Guedes: ministro foi interrompido enquanto falava sobre auxílio emergencial e desoneração (Andre Borges/Getty Images)

Paulo Guedes: ministro foi interrompido enquanto falava sobre auxílio emergencial e desoneração (Andre Borges/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 24 de setembro de 2020 às 13h36.

Última atualização em 24 de setembro de 2020 às 14h29.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi interrompido e tirado de perto dos microfones enquanto falava em entrevista nesta quarta-feira, 23. Guedes falava a um grupo de repórteres sobre o auxílio emergencial, a criação de empregos e o "programa de substituição tributária", em negociação para permitir a desoneração da folha de pagamentos.

O ministro estava ao lado do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) e do ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, que também já haviam falado.

Ao ser puxado para longe do microfone, Guedes ainda se voltou aos jornalistas e disse "agora tem articulação política", apontando para o ministro Ramos. Ramos completou com "agora é trabalhar", enquanto o trio se afastava.

Antes de ser interrompido, Guedes falava sobre o auxílio emergencial e uma possível desoneração da folha de pagamentos.

A imagem final, de Guedes sendo afastado, foi gravada em transmissão da rede de televisão CNN. A cena é uma das mais comentadas entre usuários do Twitter na manhã desta quinta-feira, 24.

"As prioridades são emprego e renda. Emprego e renda, retomada de crescimento, dentro do nosso programa de responsabilidade fiscal. Então nós vamos ter de buscar, justamente como disse o líder... [se referindo a Ricardo Barros]. Queremos desonerar, queremos criar emprego, facilitar a criação de empregos? Então vamos fazer um programa de substituição tributária. Da mesma forma, queremos criar renda? Sim. Então vamos ter de fazer... Vimos a importância, descobrimos 38 milhões de brasileiros, que eram os invisíveis, temos de ajudar essa turma a ser reincorporada no mercado de trabalho", dizia Guedes, se referindo aos brasileiros atendidos pelo auxílio emergencial, que acaba em dezembro.

"Então, temos de desonerar a folha, por isso que a gente precisa de tributos alternativos, pra desonerar a folha e ajudar a criar emprego. E renda a mesma coisa. Nós vimos a importância do auxilio emergencial, como isso ajudou a manter o brasil respirando e atravessando essa onda da crise. então nós temos que também fazer uma aterrissagem suave do programa de auxílio emergencial, que é exatamente o que nós estávamos...", completou Guedes, quando foi levemente puxado pelo braço e afastado do microfone por Ramos e Barros.

No começo da cena, mesmo antes que Guedes começasse suas declarações, Ramos e Barros já haviam saído de perto dos microfones logo que o líder do governo na Câmara terminou de falar -- dando a entrevista por encerrada. Mas, em vez de segui-los, Guedes ficou ao lado do microfone e começou a falar na sequência. Nessa hora, Ramos e Barros voltaram para perto do ministro.

Ao site O Antagonista, o ministro disse que “Ramos e Barros são meus amigos. Estavam me protegendo das perguntas de vocês”.

Ricardo Barros propina delação Galvão

Barros: líder do governo na Câmara e parte do Centrão, o deputado vem ajudando na articulação política de Bolsonaro, incluindo para temas econômicos (Ueslei Marcelino/Reuters)

Guedes contestado

A participação do ministro no governo tem sido questionada nas últimas semanas. Antes considerado essencial no desenho do governo do presidente Jair Bolsonaro, Guedes e a equipe econômica agora não participam mais da articulação política, que foi deixada a cargo de Ramos e dos líderes do governo no Congresso.

O governo desistiu na semana passada de criar o Renda Brasil, programa que substituiria o Bolsa Família e viria como forma de minimizar os impactos do fim do auxílio. A desistência veio em meio a um embate com a equipe econômica, com o presidente Jair Bolsonaro afirmando que não iria "tirar dos pobres" para abrir espaço no Orçamento na criação do Renda Brasil.

Ontem, o senador Marcio Bittar (MDB-AC) disse que recebeu autorização para encontrar espaço no Orçamento para um novo programa, que seria o "Renda Cidadã".

Acompanhe tudo sobre:Governo BolsonaroImpostosMinistério da EconomiaPaulo GuedesReforma tributária

Mais de Economia

China lidera mercado logístico global pelo nono ano consecutivo

China lidera mercado logístico global pelo nono ano consecutivo

Indústria de alta tecnologia amplia sua produção pela primeira vez desde 2018

Reforma tributária: videocast debate os efeitos da regulamentação para o agronegócio