Economia

Guedes demite secretário de Fazenda após crise do Orçamento

Waldery Rodrigues será substituido no cargo de secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia pelo atual secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal

O ministro da Economia, Paulo Guedes, demitiu Waldery Rodrigues da Secretaria da Fazenda (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, demitiu Waldery Rodrigues da Secretaria da Fazenda (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 27 de abril de 2021 às 12h08.

Última atualização em 27 de abril de 2021 às 14h29.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, demitiu Waldery Rodrigues do cargo de secretário especial da Fazenda nesta terça-feira, 27, após a crise causada pela negociação do Orçamento de 2021.

O escolhido para entrar no lugar de Waldery foi o atual secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, segundo apuraram o jornal O Estado de S. Paulo e o Broadcast/Estadão. O Tesouro Nacional é ligado à Secretaria Especial da Fazenda.

A saída de Waldery do cargo ocorre após embates em torno do Orçamento de 2021, que na semana passada foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro no último dia do prazo, 22 de abril, com veto de R$ 19,8 bilhões em despesas e um bloqueio adicional de R$ 9,3 bilhões.

 

No texto do Orçamento aprovado pelo Congresso em acordo com o governo no dia 25 de março, previsões de gastos obrigatórios foram subestimadas para incluir emendas parlamentares. O impasse sobre a legalidade e riscos fiscais da sanção do Orçamento pelo presidente como havia sido enviada gerou desgastes para o governo.

A secretaria da Fazenda foi uma das que defenderam vetos e ajustes no texto. Já o Congresso pressionava o presidente pela sanção integral.

O temor do desrespeito ao teto de gastos com a peça orçamentária deste ano esteve no centro do impasse. A pendência em torno do tema impactou as expectativas do mercado para os índices econômicos nas semanas que precederam a sanção da peça orçamentária.

Na avaliação do economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, a troca na secretaria nesta terça tende a não afetar o mercado a curto prazo, pois há bom humor com a queda da taxa de juros de longo prazo dos Estados Unidos.

Para Perfeito, o episódio pode ser entendido como uma reafirmação da disposição de Guedes a continuar no governo. "Me parece que essas trocas reforçam a convicção do ministro Paulo Guedes de permanecer", afirmou à EXAME.

O atual secretário especial de Fazenda já esteve na mira do presidente da República, Jair Bolsonaro, no ano passado, quando defendeu congelar aposentadorias e mexer no seguro-desemprego para liberar recursos ao Renda Brasil, como era chamada a proposta de reformulação dos programas sociais. Na época, Bolsonaro ameaçou dar "cartão vermelho" a Waldery e já chegou a pedir a cabeça do secretário.

Na coletiva sobre o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2022, Waldery evitou falar sobre o impasse até então sem solução em torno do Orçamento de 2021 - as perguntas sobre o tema foram censuradas pelo Ministério da Economia.

Para o lugar de Funchal no Tesouro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, pode buscar um nome dentro da própria pasta. Jeferson Bittencourt, assessor especial de Relações Institucionais e funcionário de carreira, é cotado para assumir o cargo.

Funchal assumiu o Tesouro em julho de 2020, após a saída de Mansueto Almeida. Antes, ele foi diretor de programa na própria Secretaria Especial da Fazenda.

Além das mudanças no Tesouro e na Fazenda, o Ministério da Economia terá a troca também da assessora especial para reforma tributária. Vanessa Canado, que ocupa o cargo, deixará a equipe econômica. A saída deve ocorrer antes da votação do relatório de reforma tributária na Câmara dos Deputados.

A interlocutores, Vanessa tem dito que encerrou seu trabalho na pasta e que sua saída já estava programada desde janeiro.

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