Guedes disse que outra reforma será necessária daqui a cinco anos caso a economia da reforma seja de R$ 860 bilhões (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de junho de 2019 às 13h45.
Última atualização em 14 de junho de 2019 às 21h02.
Rio de Janeiro - Rio - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta-feira, 14, que o relatório da proposta de emenda constitucional de reforma da Previdência na comissão especial da Câmara dos Deputados, elaborado pelo relator Samuel Moreira (PSDB-SP), resulta em economia fiscal de R$ 860 bilhões em dez anos. Na visão do ministro, esse montante inviabiliza a Nova Previdência, ou seja, a implementação do sistema de capitalização para os trabalhadores mais jovens.
Ao apresentar o relatório na quinta-feira, o deputado Moreira informou que o impacto fiscal da proposta para a União, conforme o relatório, ficaria em R$ 913,4 bilhões em dez anos.
Guedes rebateu o número, em rápida entrevista a jornalistas, no Rio. "Isso aí (o valor de R$ 913,4 bilhões anunciado) estão pegando imposto, botando imposto sobre banco. Isso é política tributária. Estão buscando dinheiro de PIS/Pasep, mexendo em fundos. Estão botando a mão no dinheiro do bolso dos outros", afirmou Guedes, ao deixar evento no Consulado-Geral da Itália.
Ele se referia ao fato de, no relatório, para compensar a perda de impacto fiscal com mudanças propostas, o relator ter sugerido aumentar a alíquota da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) dos bancos de 15% para 20%, o que renderia R$ 5 bilhões por ano. O relatório também sugeriu a transferência dos repasses do FAT do BNDES para a Previdência.
"Entregamos (a proposta de economia de) R$ 1,2 trilhão. Esperava que cortassem (as medidas originais sobre) o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e a (aposentadoria) rural e ficasse com R$ 1 trilhão. Com R$ 1 trilhão, conseguiríamos lançar a Nova Previdência, que e o compromisso com as futuras gerações. Mas aí cortaram R$ 350 bilhões (da economia original da proposta)", disse Guedes.
Ele afirmou que o relator Moreira cedeu a pressões de servidores do Legislativo. "Pressões corporativas de servidores do Legislativo forçaram o relator a abrir mão de R$ 30 bilhões (de economia fiscal) com eles, que já são favorecidos. Recuaram na regra de transição (para os servidores). Como ia ficar feio recuar só para os servidores, estenderam (a mudança) para o regime geral. E aí isso custou R$ 100 bilhões", comentou.
Sem o sistema de capitalização, Guedes diz que o deputados não estarão pensando nas futuras gerações. "Vou respeitar a decisão do Congresso, da Câmara dos Deputados. Agora, se aprovar a reforma do relator, que são R$ 860 bilhões em cortes, abortaram a Nova Previdência. Mostraram que não há um compromisso com as novas gerações. O compromisso com os servidores públicos do Legislativo parece maior do que com as futuras gerações", afirmou Guedes.