Economia

Guardia recua e diz que governo não aumentará impostos

Aumento aconteceria para compensar a diminuição de impostos sobre o diesel

Eduardo Guardia: ministro da Fazenda afirmou nesta terça-feira que "em nenhum momento" o governo trabalha com aumento de impostos (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Eduardo Guardia: ministro da Fazenda afirmou nesta terça-feira que "em nenhum momento" o governo trabalha com aumento de impostos (Antonio Cruz/Agência Brasil)

R

Reuters

Publicado em 29 de maio de 2018 às 11h02.

Última atualização em 29 de maio de 2018 às 14h23.

Brasília - O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou nesta terça-feira que "em nenhum momento" o governo trabalha com aumento de impostos para compensar a queda de preços do diesel, voltando atrás em relação ao que havia dito na véspera, quando citou a medida como uma solução para compensar as perdas fiscais.

"O mecanismo que governo adotará será a redução de incentivos fiscais para compensar queda de impostos sobre diesel", disse Guardia em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Na véspera, o ministro afirmou que o governo teria que aumentar impostos ou retirar benefícios tributários para cobrir parte do custo da redução de 16 centavos em PIS/Cofins e Cide sobre o diesel, calculado em 4 bilhões de reais no total.

"Haverá aumento (de impostos) para alguém? Sim", disse ele na ocasião, acrescentando que o movimento não aumentaria a carga tributária, pois apenas compensaria a perda que seria registrada na outra ponta.

Aos parlamentares, Guardia argumentou que estava citando eventual aumento de impostos dentro das possibilidades previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). E que o governo irá optar pela redução de benefícios fiscais "que não vai afetar a carga de impostos para a população em geral. Vai afetar segmentos empresariais específicos".

A fala de Guardia na véspera fez surgir críticas no setor empresarial e no Congresso, num ano eleitoral marcado por fortes incertezas.

Guardia continuou sem detalhar quais benefícios estão sendo avaliados para compensar a queda nos preços do diesel, limitando-se a apontar que cresceram entre 2010 e 2015, na casa de 1 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB).

No domingo, o presidente Michel Temer anunciou redução do preço do diesel em 46 centavos de real por litro por 60 dias, entre outras medidas, atendendo às reivindicações dos caminhoneiros. Mesmo assim, a categoria mantinha a paralisação, iniciada na semana passada, que tem provocado desabastecimento em todo o país.

Guardia voltou a explicar que desses 46 centavos, 30 centavos serão bancados até o final do ano pela União, via subsídios de 9,5 bilhões de reais, coberto por uma sobra de 5,7 bilhões de reais que o governo tem em relação à meta de déficit primário, além de corte de despesas de 3,8 bilhões de reais.

O ministro defendeu que o subsídio não será para a Petrobras ou para importadoras de diesel, mas para o consumidor final, o caminhoneiro. E reiterou que a liberdade para a petroleira definir sua política de preços está preservada.

Os 16 centavos adicionais de desconto virão pelo movimento de zerar a alíquota da Cide e redução de PIS/Cofins sobre o diesel, implicando perda de receita de 4 bilhões de reais que, por lei, deverá ser compensada por outras fontes.

O ministro reafirmou que a aprovação da reoneração da folha de pagamento pelo Congresso Nacional é essencial, mas insuficiente para garantir a cobertura integral deste buraco. E, por isso, terá de buscar outras receitas.

Ainda sobre o barateamento do combustível, Guardia disse que a União fez uma proposta a Estados para que também adotem medidas de diminuição do ICMS sobre o diesel, visando redução média adicional de 5 centavos no preço. Até o fim desta terça-feira os Estados que aderirem à investida serão conhecidos.

Pressão

Sob pressão dos senadores quanto à forma como o governo vem lidando com a crise dos caminhoneiros, Guardia reconheceu a gravidade da situação e a "absoluta urgência" do retorno à normalidade. Mas avaliou que a paralisação está arrefecendo.

Ele disse que as medidas do governo são um sacrifício, mas com respeito aos limites fiscais e ao cumprimento da meta de déficit primário deste ano, de 159 bilhões de reais.

Sobre o eventual impacto na inflação e na atividade econômica, ele disse ter ocorrido até o momento um choque temporário.

Guardia também afirmou que não podia tratar dos preços do gás de botijão e da gasolina porque não havia espaço fiscal e envolveria também os governos estaduais.

Acompanhe tudo sobre:Eduardo GuardiaGrevesImpostosMinistério da FazendaÓleo diesel

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto