Economia

Guardia admite possibilidade de venda da Eletrobras não sair este ano

Privatização de distribuidoras é precondição para governo colocar em marcha a venda da estatal de energia, segundo o ministro da Fazenda

Guardia: "Não dá para fazer todas as discussões ao mesmo tempo, temos que ir avançando passo a passo nas coisas que são importantes" (Adriano Machado/Reuters)

Guardia: "Não dá para fazer todas as discussões ao mesmo tempo, temos que ir avançando passo a passo nas coisas que são importantes" (Adriano Machado/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 21 de junho de 2018 às 20h20.

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, admitiu nesta quinta-feira a possibilidade de a privatização da Eletrobras não ocorrer neste ano, diante da necessidade de resolver antes a questão das distribuidoras de energia da estatal, ainda sob discussão no Congresso Nacional.

"Existe sim a possibilidade de não ocorrer este ano", disse o ministro a repórteres em Washington, de acordo com áudio divulgado pela assessoria do ministério.

"Os prazos estão mais curtos para fazer uma operação este ano, e a gente ainda não aprovou a lei de privatização das distribuidoras."

Segundo o ministro, a venda das distribuidoras da Eletrobras é uma "precondição" que precisa ser cumprida antes que o governo coloque em marcha a venda da estatal de energia.

Há uma promessa do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de votar com urgência na Casa um projeto de lei visto como essencial para viabilizar a venda das distribuidoras da estatal, que operam em Estados do Norte e Nordeste.

Integrantes do setor elétrico, no entanto, apontam dificuldades a tramitação do projeto, com Copa do Mundo, festas de São João levando parlamentares para as suas bases e a proximidade do recesso parlamentar.

"Aqui existe uma sequência lógica que não pode ser invertida... antes de falar da capitalização da Eletrobras, precisamos viabilizar a privatização das distribuidoras. Esta é uma precondição para falar de qualquer operação com Eletrobras, e ainda não conseguimos", disse o ministro.

A venda das distribuidoras, que são deficitárias, poderia aumentar a atratividade para a desestatização da estatal.

Mas não houve mudança nas prioridades do governo, entre as quais a privatização da estatal federal do setor elétrico, disse Guardia, ressaltando ao mesmo tempo que o governo optou por introduzir as questões no Congresso em etapas.

"Não dá para fazer todas as discussões ao mesmo tempo, temos que ir avançando passo a passo nas coisas que são importantes", afirmou.

O presidente-executivo da estatal, Wilson Ferreira Pinto Jr., vem sofrendo pressões crescentes dentro e fora da companhia para deixar o cargo e sua eventual saída também poderia dificultar a negociação das distribuidoras, em um leilão agendado para o próximo mês, reportou a Reuters nesta quinta-feira, com informação de pessoas com conhecimento do assunto.

Acompanhe tudo sobre:Eduardo GuardiaEletrobrasEnergia elétricaPrivatização

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto