Redação Exame
Publicado em 17 de abril de 2024 às 18h38.
Nesta quarta-feira, 17, o Grupo Banco Mundial (GBM) anunciou um investimento no total de U$ 7 bilhões por ano no Brasil até 2028. U$ 2 bilhões virão pelo Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e U$ 5 bilhões pela Corporação Financeira Internacional (IFC). A Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA) também faz parte do projeto.
O plano, desenvolvido em articulação com o governo brasileiro, norteará o trabalho conjunto do Grupo para promover um desenvolvimento inclusivo e sustentável, ao mesmo tempo que combate as mudanças climáticas no país. Ele apoia as prioridades de desenvolvimento do Brasil estabelecidas em seu Plano Plurianual (PPA) 2024–2027 e em seu Plano de Transformação Ecológica (PTE). Também leva em consideração as ambições do setor privado brasileiro no sentido de melhorar o ambiente de negócios do país e ajudar as empresas a se destacarem no cenário global.
“O objetivo geral da estratégia é ajudar o Brasil a construir uma economia mais produtiva, mais inclusiva e mais verde, incluindo na Amazônia e em outros biomas importantes, ao mesmo tempo que apoia, de forma sistemática, a governança institucional e a redução das disparidades raciais e de gênero”, disse Johannes Zutt, diretor do Banco Mundial para o Brasil. “Nossas atividades se concentrarão na promoção do aumento da produtividade e do emprego, na inclusão das populações pobres e desfavorecidas e numa economia mais verde e menos vulnerável aos choques climáticos.”
América Latina paga preços mais altos que demais continentes, diz o Banco MundialO plano estratégico conta com apoio do governo brasileiro, representado pelo Ministério da Fazenda e pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, e foi desenvolvido em consulta com representantes de estados e municípios, do setor privado, do setor acadêmico, da sociedade civil, de povos indígenas e de grupos de afro-brasileiros, além de outros parceiros de desenvolvimento.
A estratégia pretende aumentar a produtividade no Brasil, que envolve ações voltadas a reduzir o custo para fazer negócios no país, expandir o acesso ao financiamento, impulsionar o capital humano e promover inovação e infraestruturas modernas (especialmente nos segmentos digital, logístico e de transportes). Também ajudará a atrair investimento privado em todas essas frentes.
“A mobilização de capital privado está no centro de nosso plano estratégico no Brasil”, afirmou Manuel Reyes-Retana, diretor regional da IFC para o Brasil, o Equador, o Peru, a Bolívia e o Cone Sul. “Para garantir um desenvolvimento sustentável e inclusivo, o setor privado tem um papel fundamental a desempenhar, com foco num modelo de crescimento voltado para a produtividade, ao mesmo tempo que promove a inovação e ajuda o país a reduzir suas emissões. O Grupo Banco Mundial apoiará a expansão do financiamento sustentável e o desenvolvimento dos mercados de capitais para canalizar investimentos em setores essenciais visando apoiar o país em sua estratégia de adaptação e mitigação climáticas.”
Critérios climáticos devem pautar 45% dos financiamentos até 2030, prevê Banco MundialPara promover a inclusão, a estratégia apoiará políticas que ajudem os mais pobres a alcançar mais oportunidades econômicas, melhorando seu acesso à educação de alta qualidade, serviços de saúde, água e saneamento e serviços digitais, bem como promovendo a regulamentação fundiária em zonas rurais. O Grupo Banco Mundial também apoiará soluções financeiras para micro, pequenas e médias empresas de propriedade de mulheres, com foco adicional em empresas carentes das regiões norte e nordeste do Brasil.
Objetivo central da nova estratégia, o investimento em sustentabilidade visa ajudar o Brasil a realizar seu potencial como líder climático global. A estratégia tem um foco importante no apoio a políticas e projetos que visem expandir a matriz energética limpa do Brasil e ajudar os produtores rurais a resistir aos impactos das mudanças climáticas, garantindo, ao mesmo tempo, sustentabilidade e segurança alimentar.
A estratégia busca, ainda, ajudar as indústrias e as cidades a reduzir suas emissões de carbono, impedir o desmatamento ilegal, melhorar a gestão dos recursos naturais, criar taxonomias e mobilizar o financiamento climático, por meio, por exemplo, de títulos verdes e azuis e de instrumentos vinculados à sustentabilidade. Incluem-se também esforços contra o desmatamento, para avançar nas iniciativas de bioeconomia e promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia.
A estratégia intensifica os esforços existentes, como o Memorando de Entendimento com o BID assinado em agosto de 2023 e os debates com o BNDES para apoiar a implementação do Fundo Clima. Também prevê engajamento com novos parceiros, como a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), e vários bancos e entidades brasileiras, como a Embrapa.
A IFC e o BID Invest lançaram a Rede Financeira para a Amazônia durante a COP28, juntamente com 24 signatários fundadores, para mobilizar capital, compartilhar conhecimentos sobre soluções de financiamento inovadoras e criar sinergias com o setor público para gerar oportunidades de emprego por meio de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) na Amazônia.