Economia

Alimentação e Bebidas tem maior alta para janeiro desde Real

Alta de 2,28% nos preços é o maior nível até então - da série histórica iniciada em 1995 - era o de janeiro de 2003, quando os alimentos subiram 2,15%


	Alimentos: o maior nível até então - da série histórica iniciada em 1995 - era o de janeiro de 2003, quando os alimentos subiram 2,15%
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Alimentos: o maior nível até então - da série histórica iniciada em 1995 - era o de janeiro de 2003, quando os alimentos subiram 2,15% (thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2016 às 14h16.

Rio - A alta generalizada nos preços dos alimentos em janeiro contribuiu para que o grupo Alimentação e Bebidas tenha registrado o maior resultado para o mês de todo o período do Plano Real, com alta de 2,28% nos preços, no âmbito do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O maior nível até então - da série histórica iniciada em 1995 - era o de janeiro de 2003, quando os alimentos subiram 2,15%.

"O maior resultado era 2003 (para meses de janeiro), quando se refletiu a pressão do câmbio", explicou a coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos. "Foi o maior aumento para alimentos em janeiro de todo o Plano Real", confirmou.

Segundo o IBGE, considerando todos os meses, o resultado para alimentação em janeiro foi o pior desde dezembro de 2002, quando o grupo atingiu 3,91%. Considerando os últimos doze meses, os preços dos alimentos estão 12,90% mais caros.

Em janeiro, a alta chegou a 3,66% em Vitória, 3,60% em Salvador e 3,22% em Goiânia, as três maiores variações do País. A região de Porto Alegre teve o aumento mais modesto, de 1,20%. "A alta foi generalizada", declarou a coordenadora do IBGE.

Os produtos comprados para consumo em casa ficaram 2,89% mais caros, enquanto a alimentação fora de casa subiu 1,12% em janeiro. Os aumentos mais expressivos foram registrados na cenoura (32,64%), tomate (27,27%), cebola (22,05%) e batata-inglesa (14,78%).

Eulina explica que o clima adverso provocado pelo fenômeno El Niño, a valorização do dólar e o encarecimento do frete estão por trás dos reajustes.

"Em algumas (regiões) foi a seca que prejudicou a lavoura, em outras foi a chuva. Além disso, tem a questão do diesel (mais caro), que aumenta o frete e o custo, e o dólar (com valorização ante o real), que aumenta fertilizantes, máquinas, custo de produção", enumerou a pesquisadora.

A coordenadora lembrou ainda que alguns pedágios foram reajustados e outros foram criados. Outra explicação seria a maior atratividade das exportações por causa do dólar em alta, o que restringe a oferta de produtos no mercado interno e sustenta preços em patamares elevados. "Então este ano tem um conjunto de fatores que fazem com que esses preços de alimentos estejam altos", concluiu Eulina.

Impacto

As despesas das famílias com Alimentação e Bebidas aumentaram 2,28% em janeiro, o maior impacto de grupo sobre a inflação do mês. O resultado foi o equivalente a uma contribuição de 0,57 ponto porcentual para a taxa do IPCA de janeiro, que ficou em 1,27%.

O segundo maior impacto de grupo sobre o IPCA foi dos Transportes, que aumentaram 1,77% em janeiro, o correspondente a uma contribuição de 0,33 ponto porcentual para a inflação do mês.

"Esses dois grupos foram responsáveis quase que pelo IPCA todo (71% da taxa de inflação)", ressaltou Eulina Nunes dos Santos.

Ônibus urbano

Os reajustes praticados no início do ano fizeram os transportes públicos pesarem mais no bolso das famílias em janeiro. As tarifas dos ônibus urbanos ficaram 5,61% mais caras no mês, como resultado dos reajustes em seis das 13 regiões pesquisadas no IPCA. O item teve o maior impacto sobre a inflação de janeiro, uma contribuição de 0,14 ponto porcentual para a alta de 1,27% do IPCA no período, segundo IBGE.

Os consumidores do Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, São Paulo e Recife pagaram mais pelas passagens de ônibus urbano em janeiro. As tarifas dos ônibus intermunicipais também subiram, 6,14%, refletindo reajustes em cinco regiões pesquisadas.

Combustíveis

O grupo Transportes registrou alta de 1,77% em janeiro, puxada pelo transporte público, que subiu 3,84%. Mas o segundo item com maior peso na inflação de janeiro foram os combustíveis, que ficaram 2,11% mais caros, uma contribuição de 0,11 ponto porcentual para a inflação do mês.

O litro da gasolina teve aumento médio de 1,88%, mas chegou a ficar 8,01% mais caro na região metropolitana de Porto Alegre. No etanol, o aumento médio foi de 3,47%, mas Porto Alegre também registrou a maior alta, 9,60%.

"O etanol é o que vem pressionando os preços da gasolina. E o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) foi revisto em algumas regiões. Sobre a gasolina, o impacto maior (do ICMS) foi em Porto Alegre. Em Brasília também houve aumento de ICMS. Então o ICMS aumentou em alguns itens, mas na gasolina a gente está vendo porque os aumentos foram mais fortes", explicou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

Táxi, trem, metrô e outros

O consumidor também pagou mais caro em janeiro pelo táxi (4,00%), trem (4,19%), metrô (4,27%), ônibus interestaduais (1,22%) e conserto de automóvel (1,77%). "Tem a questão das peças importadas, e as pessoas não estão comprando automóvel novo, então estão consertando seus próprios carros", justificou Eulina.

Por outro lado, as passagens aéreas ficaram 6,13% mais baratas, a principal contribuição individual negativa na formação do IPCA do mês, o equivalente a -0,03 ponto porcentual.

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