Os sindicatos belgas aproveitaram a vitrine da cúpula, que reúne uma superpopulação de jornalistas na capital belga e europeia, para apresentar e divulgar suas reivindicações (Dirk Waem/AFP)
Da Redação
Publicado em 30 de janeiro de 2012 às 17h27.
Bruxelas - A Bélgica ficou paralisada na manhã desta segunda-feira pela greve geral convocada pelos principais sindicatos em protesto contra os planos de austeridade impostos pelo governo, que incluem o atraso da idade de aposentadoria e a redução nas prestações do seguro-desemprego.
A greve afetou diretamente a população, com a paralisação quase total dos transportes coletivos, e também os chefes de Estado e do Governo da União Europeia (UE), os quais não puderam aterrissar no aeroporto de Zaventem para comparecerem à cúpula desta segunda-feira em Bruxelas.
Os sindicatos belgas aproveitaram a vitrine da cúpula, que reúne uma superpopulação de jornalistas na capital belga e europeia, para apresentar e divulgar suas reivindicações.
Os trabalhadores criticam a postura do Governo, que 'deseja sair da crise pela via dos cortes, ao invés de apostar no emprego e no crescimento', afirmou à Efe Jan Vercamst, porta-voz da central Geral de Sindicatos Liberais da Bélgica (CGSLB).
Diante do edifício do Conselho da UE, onde a cúpula está sendo realizada, Vercamst, o resto de porta-vozes e os secretários gerais dos sindicatos belgas se reuniram para protestar e expor suas reivindicações.
Os sindicatos levavam cartazes em forma de bilhete de euro com a expressão 'euro-obrigações'. 'O objetivo não era reivindicar a aprovação de títulos de dívida em nível europeu, os chamados eurobonos, mas cobrar dos políticos europeus medidas de responsabilidade com a Europa', disse Vercamst.
O secretário-geral da Confederação de Secretários Cristãos (CSC), Claude Rolin, lamentou que as políticas de austeridade tivessem que ser estendida por toda a UE, afirmando que essa medida foi imposta pela chanceler alemã, Angela Merkel.
'O Que diria a Merkel? Diria que ela se equivoca com seus cortes, que está pondo a Europa em perigo e que a Alemanha não é modelo de nada, já que o que estão conseguindo é fruto do resto dos países', disse Rolin.
Para o secretário-geral da CSC, 'a melhor prova do fracasso das políticas de austeridade é a Grécia, onde levam dois anos fazendo recortes e estão cada vez pior'.
Trata-se da segunda greve geral em um pouco mais de um mês. Nesta segunda-feira, somente as escolas e os hospitais mantiveram seus serviços.
Os transportes coletivos também não funcionam, incluindo os trens de alta velocidade que unem Bruxelas, Paris, Amsterdã (Thalys) e Londres (Eurostar), enquanto o aeroporto de Charleroi - o segundo do país, localizado no sul de Bruxelas -, também segue fechado.
Os problemas nos transportes de mercadorias fizeram com que alguns supermercados decidissem não abrir ao público, tanto em Bruxelas como na região de Valônia. Segundo o calculo do setor, a paralisação deverá gerar uma perda de 30 milhões de euros.
A Bélgica foi um dos últimos países do euro a aplicar medidas de austeridade orçamentária, a qual visa o equilíbrio entre o déficit público e os requerimentos comunitários.
Com a reforma da previdência, o Executivo, liderado pelo socialista Elio di Rupo, prevê economizar cerca de 1,5 bilhão de euros nos próximos cinco anos.
A última semana, marcada por negociações sociais entre sindicatos patronais e estado, não apresentaram resultados positivos.
A cúpula europeia que começa está tarde em Bruxelas gira em torno 'do crescimento e do emprego', como já anunciaram os presidentes do Conselho e a Comissão Europeia, Herman Van Rompuy e José Manuel Durão Barroso, respectivamente. EFE